São Paulo, quinta-feira, 24 de setembro de 2009

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Mamadeira sem higiene era servida em CEU

Vigilância Sanitária constatou diversas irregularidades na merenda, mas prefeitura só afastou empresa responsável seis meses depois

Prefeitura diz que demora para punir a Sistal se deve à tramitação do processo administrativo -com amplo direito à defesa

ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Preparo das mamadeiras dos bebês sem condições básicas de higiene, coliformes fecais na salada e no leite-"impróprio para consumo humano" e servido na merenda para crianças com menos de um ano.
A extensa lista de irregularidades foi constatada pela Vigilância Sanitária e por nutricionistas da prefeitura na merenda escolar do CEU Navegantes, na zona sul de São Paulo, frequentado por 2.341 alunos.
O principal sinal de alerta foi dado após 21 crianças passarem mal. Tiveram diarreia. Os problemas são considerados pela gestão Gilberto Kassab (DEM) como os mais graves na rede nos últimos quatro anos.
Laudos apontaram coliformes fecais (bactérias presentes nas fezes e que indicam a possibilidade de transmissão de doenças) no leite para crianças até um ano, no achocolatado (sempre bem acima do permitido) e até na água filtrada.
Mas a empresa responsável pelo serviço, a Sistal, só foi afastada seis meses após a constatação, em março, das principais irregularidades. Seguiu fornecendo merenda em 120 unidades de Santo Amaro e Capela do Socorro até a semana passada.
No sábado, saiu a decisão da prefeitura de proibi-la de licitar ou prestar serviços ao município durante um ano, devido à gravidade das falhas, "colocando em risco a inocuidade da preparação de alimentos".
Trata-se, diz a gestão Kassab, da mais dura penalidade já aplicada a uma fornecedora de merenda terceirizada. A prefeitura atribui às exigências administrativas, com amplo direito à defesa, a demora para punir. Alega que não houve risco em mantê-la por seis meses porque foi montada uma força-tarefa de vigilância da merenda.
Em julho, o contrato da Sistal expirou, mas foi prorrogado por dois meses pela prefeitura.
A decisão de impedir a Sistal de manter contratos com a prefeitura foi tomada num momento em que ela já deixaria de prestar os serviços -a empresa não disputou a licitação que selecionou as novas fornecedoras da merenda, que passaram a trabalhar nesta semana.
Nos últimos três anos, a fiscalização do CAE (órgão formado por pais e servidores) já havia identificado problemas como economia na merenda e alimentos estragados. Mas a prefeitura diz que as falhas no CEU Navegantes foram as primeiras comprovadas até pela Vigilância Sanitária.


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