São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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Nem professora entende disparo de 'aluno exemplar'

Após deixar UTI, ela diz à irmã não acreditar ter sido atacada por menino D.

Enterro de aluno de dez anos que atirou em docente e depois se matou é marcado por incredulidade geral

DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Ao ser informada do nome do aluno que fez o disparo que a atingiu pelas costas enquanto limpava a lousa, a professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38, reagiu com incredulidade. "Não pode ser o D.", disse ela a familiares.
Na tarde de anteontem, o menino de dez anos sacou o revólver 38 de seu pai, atirou na professora diante de 25 colegas da escola municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, no ABC, saiu da sala e se matou.
A surpresa de Rosileide, atingida no quadril, se deve ao perfil do aluno. "Ela disse que ele sempre teve comportamento exemplar e nunca demonstrou agressividade", disse Regiane Oliveira Millan, 33, irmã da professora.
No dia da tragédia, o namorado da professora, Luiz Eduardo Hayakawa, chegou a dizer que ela tinha problemas com D.. Ontem, porém, ele afirmou ter confundido o menino com outro aluno.
Ainda em estado de choque, ao deixar a UTI ontem, a professora continuava sendo poupada de detalhes. Não sabia, por exemplo, que o garoto se matou em seguida.

ENTERRO
O velório e o enterro do menino, realizados ontem em São Caetano, foram marcados pelo clima de perplexidade. "Não tem explicação, não tenho palavras. Agora ele está na glória de Deus", dizia, ao receber condolências, o pai do menino, o guarda municipal Milton Evangelista Nogueira, dono do revólver.
Docentes e alunos da escola estiveram na cerimônia.
O menino foi velado com a bandeira do Santos sobre o caixão. Nenhum familiar quis falar com a imprensa.
Juliana Varjão, amiga da família na Igreja Presbiteriana Independente, disse que D. não dava indícios de que praticaria atos de violência.
Segundo Juliana, ele tinha, inclusive, planos de comprar um videogame Playstation, de viajar e dormir na casa dela no fim de semana.
D. era muito presente nas atividades da igreja. Na terça, o pastor Jaime Pereira do Lago foi até a casa da família para realizar um culto. D. pediu a palavra e fez uma oração.
Ontem, na escola, a coordenadora pedagógica Meire Cunha, primeira a socorrer o garoto, lembrava da cena.
Ela conta que, após atirar contra a própria cabeça, o garoto tinha os olhos abertos e respirava ofegante, sem nada falar. "D., fica comigo. Aguenta que o socorro tá chegando", disse ela na ocasião.
A sala onde D. estudava ficará fechada por tempo indeterminado. As aulas na Alcina Dantas Feijão serão retomadas na semana que vem.


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