São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2011

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Para a polícia, criança planejou o crime

Um dia antes da tragédia, aluno teria dito a amigo que iria matar a professora e depois cometeria o suicídio

Com a ajuda de psicólogos, colegas de classe de menino de dez anos serão ouvidos pelos investigadores

Eduardo Knapp/Folhapress
Integrantes da Guarda Civil Municipal de São Caetano do Sul, na região do ABC, carregam o caixão do menino D., 10, no enterro realizado ontem

ANDRÉ CARAMANTE
AFONSO BENITES

DE SÃO PAULO

As investigações da polícia sobre a tragédia em São Caetano apontam que o menino D. premeditou o crime, mas ainda não é possível apontar os motivos da violência.
Ontem, a delegada Lucy Mastellini Fernandes ouviu uma das três professoras do garoto, Ana Paula Lima, de matemática. Ela contou que uma aluna afirmou que D., um dia antes da tragédia, disse que pretendia matar a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de português.
Ainda segundo essa aluna, ele disse que iria se matar logo depois para não ser repreendido pelo pai, o guarda-civil municipal Milton Evangelista Nogueira, 42.
A polícia irá ouvir os depoimentos dos colegas de classe do menino na próxima semana e, para isso, terá a ajuda de psicólogos. Um dos alunos era o melhor amigo do menino que se matou.
Outra evidência de que o garoto tinha traçado um plano sobre como agir foi um desenho encontrado em sua mochila. A imagem o mostra segurando duas armas ao lado de um professor. No desenho, o menino escreveu "Eu com 16 anos". Psicólogos vão analisar a ilustração.
A professora Priscila Razante também foi ouvida ontem. Ela dava aulas de geografia, história e ciências para a turma de D. Assim como as colegas, disse que ele tinha bom comportamento.

HIPÓTESE
O delegado Francisco José Alves Cardoso, da delegacia central de São Caetano, afirmou ser cedo para apontar os motivos que levaram o menino a atirar, mas uma das hipóteses é a de que o garoto não gostava da professora.
A polícia investiga se alguma pessoa incentivou o menino a atacar a professora.
Até a noite de ontem, a polícia não havia encontrado indícios de participação de outra pessoa no caso.
Ontem, além das duas professoras, a polícia ouviu três pessoas da direção da escola municipal de São Caetano.
Todas disseram que o menino era "um aluno exemplar" e que desconheciam se ele tinha ou não raiva da professora de português ferida.
Para a delegada Lucy, não há evidência de que o menino sofria bullying.
Para a polícia, caso ele fosse alvo de perseguição de colegas, eles teriam sido o alvo dos tiros, e não a professora.

Colaborou Alexandre Aragão


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