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Última casa de Jorge Amado está abandonada
Imóvel em Salvador tem rachaduras e infiltrações
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Rua Alagoinhas, 33, Rio Vermelho. O endereço em Salvador onde o escritor Jorge Amado (1912-2001) morou durante
seus últimos 38 anos, onde suas
cinzas foram jogadas e que virou ponto turístico da cidade
está abandonado, servindo de
abrigo para traças e cupins.
Os reflexos do abandono estão por toda a casa, de quatro
quartos, seis banheiros, sala,
cozinha, copa, escritórios, varanda, biblioteca, quiosque,
piscina e garagens.
Logo na entrada do imóvel,
há rachaduras nas paredes, infiltrações, tijolos quebrados e
fiações elétricas soltas.
Na sala, usada por Amado para receber convidados, como o
ex-presidente francês François
Mitterrand e o escritor Jean-Paul Sartre, o cenário é o mesmo: bocais oxidados e sem lâmpadas, armários quebrados, rachaduras nas paredes, ar-condicionado sem funcionar.
A casa, para onde a família se
mudou em 1963, está desabitada desde 2003 -a escritora Zélia Gattai, mulher de Amado,
ainda morou no lugar por dois
anos depois da morte do marido. Hoje, o quarto do casal está
com espelho enferrujado, infiltrações e madeira sobre a cama.
A família quer transformar a
casa, que é particular, em museu. Segundo Maria João Amado, 34, neta do escritor, o Ministério da Cultura aprovou um
projeto que prevê captação de
R$ 3,5 milhões para obras na
casa. "Agora temos que encontrar financiadores."
Ela diz que a família gasta R$
10 mil por mês na manutenção
do local. "Quatro seguranças se
revezam 24 horas por dia e ainda temos de pagar contas e fazer pequenos reparos." Os
principais objetos de Amado
foram transferidos para a Fundação Casa de Jorge Amado ou
estão sob a guarda dos filhos,
mas restaram quadros, móveis
e até eletrodomésticos no local.
Mesmo quase sem móveis,
há trabalhos na casa que revelam preferências do escritor.
Por todas as partes há azulejos
coloridos e gradis com trabalhos do artista plástico Carybé
(1911-1997), imagens cultuadas
no candomblé e lembranças
deixadas por amigos.
Na varanda, permanecem
dois azulejos pintados e assinados pelo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). As paredes da
dependência de hóspedes ainda guardam as matrizes das
gravuras feitas pelo artista
plástico Calasans Neto (1932-2006) para o livro "Teresa Batista Cansada de Guerra"
(1972). A casa foi comprada
após Amado vender aos estúdios MGM os direitos de "Gabriela, Cravo e Canela" (1958).
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