São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Juiz manda prender nove policiais acusados de roubo

Ordem inclui delegado suspeito de extorquir megatraficante colombiano

5 estão detidos; promotor afirma que advogados dos suspeitos foram alertados após decisão judicial chegar à corregedoria da polícia

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz da 3ª Vara Criminal de Campinas (95 km de São Paulo), Nelson Augusto Bernardes de Souza, determinou ontem a prisão de nove policiais civis de São Paulo acusados pelos crimes de roubo, tortura e concussão (extorsão cometida por empregado público).
Entre os acusados está Pedro Luís Pórrio, delegado que é investigado também pela acusação de extorquir dinheiro do megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía.
A decretação da prisão ocorreu porque, segundo denúncia do Ministério Público, Pórrio liderou oito policiais civis em uma ação em Campinas que tinha como meta exigir dinheiro de um suspeito de tráfico.
Segundo o promotor Fernando Viana, ao receber as ordens de prisão, integrantes da Corregedoria da Polícia Civil avisaram os responsáveis pelo Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e, a partir daí, os advogados deles foram alertados.
Após a Folha questionar a Secretaria da Segurança Pública sobre o caso, o governo de José Serra (PSDB) anunciou a prisão apenas dos investigadores Francisco Nacélio Pessoa, Eduardo da Silva Benevides e Luiz Cláudio de Oliveira.
Até então, o delegado Pórrio e o chefe de investigadores que trabalha com ele, Antonio Cabalero Cursi, eram considerados foragidos da Justiça. Às 23h30, ambos foram direto com seus advogados para o Presídio Especial da Polícia Civil, no Carandiru (zona norte).
Estão foragidos Daniel Pereira Dutra, Regina dos Santos, Pablo Ricardo Pereira Xavier e Sandro dos Santos.
Pórrio e Cursi tinham feito um acordo com a corregedoria para se apresentar hoje. Isso causou um constrangimento entre os promotores do caso e a cúpula da Polícia Civil.
"Nós não fazemos acordo, só queremos que a lei seja cumprida e eles sejam presos sem nenhum tipo de acordo", disse o promotor Viana, por volta das 22h30 de ontem.
Conforme revelou a Folha em 10 de outubro, Pórrio e seus oito subordinados foram a Campinas em 21 de setembro prender o suposto traficante. O telefone desse suposto traficante era grampeado pela Polícia Federal.
Os policiais teriam espancado o suposto traficante, sua mulher e, segundo o promotor, levaram R$ 35 mil. Ontem, o homem preso naquela ação teve o pedido de relaxamento de prisão aceito pela Justiça.
Em outro caso, Pórrio é investigado pelo Ministério Público pela acusação de exigir US$ 800 mil para que Ana Maria Stein, mulher de um comparsa do megatraficante Juan Carlos Abadía, não fosse presa.


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