São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Não é relevante saber se houve tiro antes ou depois da invasão, dizem especialistas

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não tem a menor relevância saber se houve um disparo de tiro antes ou depois de o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) ter invadido o apartamento de Santo André, segundo dois especialistas em resgate ouvidos pela Folha.
Os especialistas são o delegado Riad Farhat, que comanda o Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), setor especializado em resgate no Paraná, e o coronel reformado da PM de Minas Severo Augusto da Silva Neto.
O momento do tiro não é relevante, segundo os dois, porque Lindemberg já havia dado sinais suficientes de que não negociaria mais. Foram três sinais, segundo Silva Neto:
1) Quando diz que os diabinhos haviam vencido os anjos, o tomador de reféns não deixa dúvidas do que planejava fazer;
2) Lindemberg fala no celular para os policiais da Gate invadirem o apartamento;
3) Ele pede que o capitão Adriano Giovanini caía fora.
"A polícia tinha claro que estava diante de um suicida. Por isso acho que é insignificante saber se o tiro foi antes ou depois da invasão dos policiais", afirma o coronel.
O delegado Farhat tem opinião semelhante: "Tanto faz se houve ou não o tiro. O Lindemberg tinha mudado o padrão de comportamento e começava a dar todos os sinais de que ia matar as meninas e se matar".
Para Farhat, a polícia cometeu dois erros na ação: permitiu que Nayara voltasse ao apartamento e não usou toda a tecnologia que reduziria os riscos da invasão. O primeiro erro ele credita ao Gate; o segundo, ao governo, que não investiu o suficiente nesse grupo de resgate.
Farhat diz que o coronel Eduardo Félix cometeu outro erro após o fracasso da operação, ao colocar o foco na questão do tiro. "Os policiais caíram numa armadilha ao dar tanta importância ao momento do tiro. Se eu fosse o gerente da ação, teria mandado invadir naquele momento".


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