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Não é relevante saber se houve tiro antes ou depois da invasão, dizem especialistas
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não tem a menor relevância
saber se houve um disparo de
tiro antes ou depois de o Gate
(Grupo de Ações Táticas Especiais) ter invadido o apartamento de Santo André, segundo dois especialistas em resgate
ouvidos pela Folha.
Os especialistas são o delegado Riad Farhat, que comanda o
Tigre (Tático Integrado de
Grupos de Repressão Especial), setor especializado em
resgate no Paraná, e o coronel
reformado da PM de Minas Severo Augusto da Silva Neto.
O momento do tiro não é relevante, segundo os dois, porque Lindemberg já havia dado
sinais suficientes de que não
negociaria mais. Foram três sinais, segundo Silva Neto:
1) Quando diz que os diabinhos haviam vencido os anjos,
o tomador de reféns não deixa
dúvidas do que planejava fazer;
2) Lindemberg fala no celular para os policiais da Gate invadirem o apartamento;
3) Ele pede que o capitão
Adriano Giovanini caía fora.
"A polícia tinha claro que estava diante de um suicida. Por
isso acho que é insignificante
saber se o tiro foi antes ou depois da invasão dos policiais",
afirma o coronel.
O delegado Farhat tem opinião semelhante: "Tanto faz se
houve ou não o tiro. O Lindemberg tinha mudado o padrão de
comportamento e começava a
dar todos os sinais de que ia
matar as meninas e se matar".
Para Farhat, a polícia cometeu dois erros na ação: permitiu
que Nayara voltasse ao apartamento e não usou toda a tecnologia que reduziria os riscos da
invasão. O primeiro erro ele
credita ao Gate; o segundo, ao
governo, que não investiu o suficiente nesse grupo de resgate.
Farhat diz que o coronel
Eduardo Félix cometeu outro
erro após o fracasso da operação, ao colocar o foco na questão do tiro. "Os policiais caíram
numa armadilha ao dar tanta
importância ao momento do tiro. Se eu fosse o gerente da
ação, teria mandado invadir
naquele momento".
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