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Brasil tem 455 cidades sem médicos, diz órgão da OMS
Maioria dos municípios desprovidos de profissionais fica no Nordeste do país
Ministério da Saúde diz ter projeto para reduzir falta, mas Temporão afirma que riqueza concentra médicos nos maiores centros
MÁRCIO PINHO
ENVIADO ESPECIAL A OURO PRETO
O Brasil tem 455 cidades sem
médicos, de um total de 5.564
municípios no país. O problema, que atinge 8,17% das cidades, é mais acentuado em regiões distantes dos maiores
centros urbanos, como no Nordeste, que lidera a lista de cidades sem médicos, com 117,
25,7% do total do país. No Sudeste são 111, a maioria cidades
pequenas, como Suzanópolis e
Sagres, em São Paulo.
Os dados foram divulgados
ontem pelo Ministério da Saúde em Ouro Preto (MG), durante um encontro da Global
Health Workforce Alliance
-órgão da OMS (Organização
Mundial da Saúde) cuja bandeira é a maior presença de médicos onde há carência deles.
O levantamento foi feito com
base em dados de outubro de
entidades como o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e a Universidade Federal de Minas Gerais.
Eles revelam ainda que hospitais sofrem para contratar especialistas. No Nordeste, 42,3%
dos hospitais consultados disseram ter muitas dificuldades
para contratar pediatras. Foram consultados 420 hospitais.
Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o
problema ocorre por motivos
como a insegurança profissional. "Há uma tendência não só
de que a tecnologia hospitalar
mais complexa se concentre
em determinadas regiões, mas
que os médicos acompanhem
essa concentração de riqueza."
Outra causa é o perfil do estudante de medicina, que geralmente vem de grandes centros
e tem bom poder aquisitivo.
Má distribuição
No relatório de 2006 da
OMS, o Brasil aparece com taxa
de 1,15 profissionais de saúde
por mil habitantes -um pouco
acima do mínimo preconizado
pela entidade: 1. Alguns Estados ficaram abaixo desse mínimo, como o Acre, com 0,8.
O ministro aponta diversas
ações feitas hoje para minimizar essa carência, como o PSF
(Programa Saúde da Família),
criado em 1993 e que hoje conta
com mais de 28 mil equipes.
O ministério cita outras
ações, como o Telessaúde, que
capacita equipes do PSF em localidades remotas com o uso da
internet, e o Pró-Saúde, que
busca capacitar o médico para
atender na rede pública.
Quanto à diferença salarial e
à falta de plano de carreira, o
que também desestimula médicos a trabalhar em pequenas
localidades, Francisco Campos,
secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do ministério, afirma que o ministério
pretende intervir no problema.
A inserção em locais de conflito, como favelas, e o isolamento a que o médico se submete em cidades distantes
também são apontados como
desafios pelo ministério.
O repórter MÁRCIO PINHO viajou a convite e
com as despesas pagas pela Global Alliance
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