|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Novo boom de metrôs
PETER L. ALOUCHE
As grandes cidades do mundo
têm se deparado com uma poluição atmosférica crescente, causada pela circulação de um número
cada vez maior de automóveis, e
com um congestionamento crônico das vias públicas, o que tem reduzido substancialmente a qualidade de vida de seus cidadãos.
Isso força planejadores, técnicos
e políticos a procurar nos transportes públicos de massa e especificamente no metrô a solução dessa grave situação urbana, já insustentável nos países emergentes.
A tese de que o metrô é um "sistema caro" está caindo definitivamente por terra em face de seus
enormes benefícios econômicos,
urbanísticos e ambientais.
Nunca se viu, desde o boom de
construção de metrôs na década
de 70, causado pela crise do petróleo, interesse tão grande pela implantação de linhas ou pela expansão de redes já existentes.
Paris, que não construía uma
nova linha havia décadas, abriu
em outubro sua linha 14, ultramoderna, com trens circulando sem
condutores. Madri se orgulha de
construir 37,5 quilômetros de rede, com 35 estações, em quatro
anos. Lisboa renova seu sistema e
inaugura, com a exposição universal, uma nova linha. Hong
Kong implanta uma linha de 30
km, que, num trecho, passa por
cima do mar, através da maior
ponte pênsil do mundo, para atingir seu moderníssimo aeroporto.
As metrópoles recém-saídas da
órbita soviética renovam e expandem seus sistemas, adotando tecnologia mais modernas. Várias cidades latino-americanas ampliam
suas redes, como Cidade do México, Lima e Santiago, implantam
novos metrôs do tipo leve, como
Medellín, Guadalajara e Monterrey, ou projetam redes, como Bogotá e Valencia, na Venezuela.
No Brasil, a paralisação de obras
por quase uma década já é coisa do
passado. Brasília já vai inaugurar
sua primeira linha. Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife modernizam e expandem seus sistemas.
Fortaleza inicia obras, e Salvador
se prepara para implantar seu metrô. O metrô do Rio chega a Copacabana, expande sua linha 2 até a
Pavuna e se prepara para atingir a
Barra da Tijuca. O metrô de São
Paulo implanta, em dois anos, oito
estações, ultrapassa os 50 km de
rede urbana, prepara-se para assumir a linha leste da CPTM, inicia
as obras da linha 5, de Capão Redondo ao largo 13, e inicia o processo de implantação da linha
quatro pelo modelo BOT.
Parafraseando Victor Hugo, poderia afirmar-se que o mundo e o
Brasil se "reconciliaram" com a
ferrovia urbana. Com isso, ganham a ecologia, o ambiente, a
economia dos países, pelos imensos benefícios trazidos às cidades,
e os cidadãos, pela melhoria substancial da qualidade de vida.
Peter Ludwig Alouche, 56, mestre em engenharia pela USP, é assessor técnico da presidência do Metrô de São Paulo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|