São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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OPINIÃO

Novo boom de metrôs

PETER L. ALOUCHE

As grandes cidades do mundo têm se deparado com uma poluição atmosférica crescente, causada pela circulação de um número cada vez maior de automóveis, e com um congestionamento crônico das vias públicas, o que tem reduzido substancialmente a qualidade de vida de seus cidadãos.
Isso força planejadores, técnicos e políticos a procurar nos transportes públicos de massa e especificamente no metrô a solução dessa grave situação urbana, já insustentável nos países emergentes.
A tese de que o metrô é um "sistema caro" está caindo definitivamente por terra em face de seus enormes benefícios econômicos, urbanísticos e ambientais.
Nunca se viu, desde o boom de construção de metrôs na década de 70, causado pela crise do petróleo, interesse tão grande pela implantação de linhas ou pela expansão de redes já existentes.
Paris, que não construía uma nova linha havia décadas, abriu em outubro sua linha 14, ultramoderna, com trens circulando sem condutores. Madri se orgulha de construir 37,5 quilômetros de rede, com 35 estações, em quatro anos. Lisboa renova seu sistema e inaugura, com a exposição universal, uma nova linha. Hong Kong implanta uma linha de 30 km, que, num trecho, passa por cima do mar, através da maior ponte pênsil do mundo, para atingir seu moderníssimo aeroporto.
As metrópoles recém-saídas da órbita soviética renovam e expandem seus sistemas, adotando tecnologia mais modernas. Várias cidades latino-americanas ampliam suas redes, como Cidade do México, Lima e Santiago, implantam novos metrôs do tipo leve, como Medellín, Guadalajara e Monterrey, ou projetam redes, como Bogotá e Valencia, na Venezuela.
No Brasil, a paralisação de obras por quase uma década já é coisa do passado. Brasília já vai inaugurar sua primeira linha. Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife modernizam e expandem seus sistemas. Fortaleza inicia obras, e Salvador se prepara para implantar seu metrô. O metrô do Rio chega a Copacabana, expande sua linha 2 até a Pavuna e se prepara para atingir a Barra da Tijuca. O metrô de São Paulo implanta, em dois anos, oito estações, ultrapassa os 50 km de rede urbana, prepara-se para assumir a linha leste da CPTM, inicia as obras da linha 5, de Capão Redondo ao largo 13, e inicia o processo de implantação da linha quatro pelo modelo BOT.
Parafraseando Victor Hugo, poderia afirmar-se que o mundo e o Brasil se "reconciliaram" com a ferrovia urbana. Com isso, ganham a ecologia, o ambiente, a economia dos países, pelos imensos benefícios trazidos às cidades, e os cidadãos, pela melhoria substancial da qualidade de vida.


Peter Ludwig Alouche, 56, mestre em engenharia pela USP, é assessor técnico da presidência do Metrô de São Paulo



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