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MANÍACO DO PARQUE
Acusado agora diz ter cometido mais crimes, mas não há como condená-lo em 5 dos 11 casos admitidos antes
Só há provas contra motoboy em 6 casos
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
Após quatro meses de investigações, a Polícia Civil ainda não reuniu provas suficientes para acusar
o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, por 5 dos 11 assassinatos
que ele admitiu oficialmente ter
praticado no parque do Estado
(zona sudoeste de SP). Em dois
dos casos, nem os corpos das vítimas foram encontrados.
Sem solução para esses crimes, a
polícia não descarta que outras supostas dezenas de assassinatos que
Pereira agora diz ter praticado tenham o mesmo destino: a insuficiência de provas.
Até agora, a investigação da polícia tem dependido de confissões.
"Podendo existir outras vítimas,
temos de investigar", disse o delegado Jurandir Corrêa de Sant'Anna, diretor da Divisão de Homicídios. "Mas, se ele não falar dos
crimes, um a um, vai ser difícil obter prova. Já está sendo difícil."
Nos crimes considerados resolvidos, a confissão detalhada do
motoboy foi determinante para o
desfecho dos casos.
Dificuldades
Os dois corpos não encontrados
pertenceriam a uma patinadora
conhecida como Pitucha e a uma
babá que Pereira identificou como
"Elenilda ou algo semelhante".
Nesses casos, a polícia indica
quatro caminhos para as investigações: o surgimento de famílias
reclamando por garotas desaparecidas, a localização de testemunhas, a confissão detalhada do
motoboy (com nome e local do
corpo) e novas buscas na mata. As
buscas não têm data marcada.
Em outros três casos, os corpos
já foram encontrados, mas não há
provas consistentes que liguem o
motoboy às vítimas (veja quadro).
A polícia alega que eram cadáveres em putrefação, quase esqueletos, o que já impede a produção de
algumas provas. "Não é possível,
por exemplo, fazer o confronto de
arcada dentária com mordidas
nos corpos, identificar presença
de esperma ou determinar a causa
da morte dessas mulheres", diz o
delegado Sant'Anna.
Além dessas provas, faltam ao
DHPP a confissão do motoboy
(que diz não se lembrar das vítimas) ou o surgimento de um objeto ou de um depoimento que liguem as mulheres a Pereira.
Em outros seis assassinatos, a
polícia obteve pelo menos uma
dessas provas (veja quadro).
Apesar da falta de provas, os inquéritos dessas três mortes chegaram a ser finalizados e relatados ao
Ministério Público. Dias depois,
no entanto, foram devolvidos pelo
promotor Edilson Bonfim para
novas diligências que sustentem a
denúncia do motoboy à Justiça.
Na devolução, Bonfim pediu que
Pereira fosse interrogado novamente, o que deve ocorrer entre
quinta e sexta. Ele pediu ainda que
fosse ouvido um ex-namorado de
Elizângela Francisco da Silva, que
a teria visto com um homem em
um shopping de São Paulo no dia
de seu desaparecimento.
O rapaz esteve no DHPP semana
passada e não reconheceu Pereira.
Mais mortes
No interrogatório do final da semana, Pereira será questionado
também sobre a existência de outras vítimas. A polícia passou a
considerar a hipótese a partir de
uma entrevista com o acusado que
a Rede Globo exibiu domingo.
Além disso, a polícia promete
agora rastrear as cidades onde Pereira morou, atrás de desaparecidas. Isso até hoje não foi feito.
"É um caso de repercussão e os
próprios delegados enviaram as
ocorrências quando surgiu alguma suspeita", disse Sant'Anna.
A polícia afirma, no entanto,
que o esforço pode ser em vão, se o
motoboy não der detalhes das
mortes. "O tempo e a falta de testemunhas dificultam as provas."
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