São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 2005

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VIOLÊNCIA

Cerca de 100 mil pessoas passavam pelo local, um dos principais pontos comerciais de SP; mulher está em estado grave

Bomba explode na rua 25 de Março e fere 15

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma bomba caseira explodiu na rua 25 de março, no centro de São Paulo, por volta das 16h de ontem, às vésperas do dia de Natal, ferindo ao menos 15 pessoas, entre elas duas crianças. Uma mulher sofreu traumatismo craniano e está em estado grave.
No momento da explosão ao menos 100 mil pessoas circulavam pela rua, uma das principais áreas comerciais da cidade, conhecida pelos preços baixos e por ser um paraíso da ilegalidade e do contrabando. Durante todo o dia, cerca de 800 mil pessoas passaram pela região, segundo a Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências).
Com o deslocamento de ar provocado pela explosão da bomba, uma das vítimas foi arremessada da calçada. Houve correria. Comerciantes chegaram a desmaiar devido ao nervosismo.
Uma jovem de 19 anos, que estava grávida, entrou em estado de choque ao ver que seu filho de 2 anos havia sido ferido. Ela deu à luz a um menino e os dois passam bem. Seu filho de 2 anos foi transferido para o hospital do Mandaqui, mas não corre risco de morte.
A explosão estourou parte do concreto da calçada. Um semáforo de pedestres ficou destruído. "Foi pura maldade o que aconteceu", disse o capitão da Polícia Militar Walmir Martini.
Os feridos foram levados aos prontos-socorros da Santa Casa, da Glória e do Hospital do Servidor Público Municipal, onde permaneciam em observação.
Até o início da noite de ontem, a polícia ainda não sabia quem havia "plantado" a bomba caseira -um extintor de incêndio pequeno cheio de pregos- dentro de uma lixeira da rua.

Sem pistas
"Não temos pistas, por enquanto, de quem poderia ter feito isso", disse o comandante da Tropa de Choque da PM, Joviano Conceição Lima. Ele disse ainda que não havia condições de identificar como a bomba foi detonada.
Designado pelo prefeito José Serra (PSDB) para acompanhar o caso, o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, trabalhava com a hipótese de o crime ter sido praticado como uma forma de retaliação à fiscalização antipirataria, que se tornou mais freqüente na região no último mês. Diversas lojas foram fechados em blitze e barracas de camelôs apreendidas.
O inspetor da GCM (Guarda Civil Metropolitana), José Aparecido César, disse que a bomba explodiu perto dos guardas que faziam a fiscalização dos ambulantes. Segundo Matarazzo, no momento da explosão não estava havendo nenhum tipo de confronto com os camelôs.
Uma hora após a explosão, a polícia já havia isolado a área próximo ao local da explosão -num raio de 50 metros a partir do número 1.031 da 25 de março. Nesse trecho da rua há pequenas lojas que vendem roupas, brinquedos e enfeites de Natal.
Segundo o presidente da Univinco, Jorge Sucar Dib, comerciantes da região se reuniram há poucos dias com autoridades da polícia e da prefeitura e demonstraram preocupação com a falta de fiscalização na região.
As 350 lojas e as mais de 2.000 salas comerciais da 25 de março estarão abertas hoje ao público, das 7h às 18h. "Ainda bem que já alcançamos o crescimento de 7% nas vendas esperado para este Natal. Porque, apesar da segurança que providenciamos, no sábado [hoje] muita gente ficará com medo de voltar", afirmou Dib.
(AMARÍLIS LAGE, FABIO SCHIVARTCHE, FÁBIO TAKAHASHI E VICTOR RAMOS)


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