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ENSINO SUPERIOR
Além de ampliar número de demissões, faculdade estuda reduzir atual carga horária de professores
PUC vai cortar 20% da folha até fevereiro
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ameaçada de perder o poder
administrativo da PUC-SP, a reitora Maura Véras afirmou ontem
que conseguiu um acordo para
continuar no cargo e estabeleceu
como meta o corte de 20% da folha de pagamento até fevereiro.
A universidade tomou, em
agosto deste ano, um empréstimo
de R$ 82 milhões dos bancos Bradesco e ABN Amro, para saldar
dívidas com instituições menores.
Agora, os credores exigem que a
universidade acabe com o déficit
mensal de R$ 4 milhões. O enxugamento da folha levará ao equilíbrio das contas.
Na primeira proposta apresentada pela PUC-SP aos bancos, a
instituição conseguiria cortar
apenas 50% do estabelecido.
Essa diferença fez com que dom
Cláudio Hummes, que ocupa o
maior posto da PUC e é fiador da
dívida, cogitasse a hipótese de tirar Véras do cargo de secretária-executiva da Fundação São Paulo,
mantenedora da universidade
-tradicionalmente, o posto é
ocupado pelo reitor.
Na prática, se isso ocorresse,
Véras perderia o controle administrativo da instituição.
A reitora expôs essa situação ao
Conselho Universitário. O órgão
máximo da PUC-SP decidiu, então, que iria refazer a proposta,
para chegar ao corte de 20% da folha. O anúncio foi feito anteontem
no Tuca (teatro da universidade),
que estava com todos os seus 700
lugares ocupados por professores, funcionários e estudantes. A
platéia concordou com a medida.
Logo após o relato, Véras telefonou para dom Cláudio. "Ele disse
que estava satisfeito pelo fato de a
comunidade estar mobilizada e
me confirmou no cargo."
A reitora afirmou que não poderia ter proposto os ajustes antes
porque o período letivo ainda estava em andamento -uma modificação no corpo docente prejudicaria as atividades acadêmicas.
Neste momento, já está em curso a demissão de 70 dos 1.900 professores da universidade, sendo
que 30 se apresentaram voluntariamente. Esse número irá subir
até fevereiro, para que seja atingida a economia de R$ 4 milhões na
folha de pagamento.
A redução também será feita
por meio de diminuição nos contratos de docentes. Ou seja, eles
dedicarão menos horas à PUC-SP
e, com isso, ganharão menos.
"A intenção é manter os professores mais titulados, mesmo que
com menos horas", disse o chefe-de-gabinete da reitoria, Guilherme Simões. "Apostamos que a
PUC-SP vá crescer novamente e,
então, poderemos aumentar os
contratos", completou.
As próprias unidades estão avaliando como fazer o corte. A direção da PUC-SP diz que poderá
equilibrar as contas apenas em fevereiro porque o contrato de trabalho não permite que haja demissões em janeiro. Enquanto isso, a universidade desenvolve o
plano para atingir a meta.
A associação de professores
afirmou que só irá se pronunciar
na próxima terça-feira, quando
realizará uma assembléia.
Outras medidas que a universidade irá tomar são a união de
classes com poucos alunos e a diminuição de matérias optativas,
permitindo assim a redução do
quadro docente.
Enquanto busca diminuir seus
gastos, a universidade procura
formas de diminuir a dependência do dinheiro proveniente das
mensalidades dos alunos -hoje
responsável por 90% da receita
anual, que é de R$ 360 milhões.
Neste ano, a instituição conseguiu
R$ 3 milhões em convênios e
prestação de serviços.
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