São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENSINO SUPERIOR

Além de ampliar número de demissões, faculdade estuda reduzir atual carga horária de professores

PUC vai cortar 20% da folha até fevereiro

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ameaçada de perder o poder administrativo da PUC-SP, a reitora Maura Véras afirmou ontem que conseguiu um acordo para continuar no cargo e estabeleceu como meta o corte de 20% da folha de pagamento até fevereiro.
A universidade tomou, em agosto deste ano, um empréstimo de R$ 82 milhões dos bancos Bradesco e ABN Amro, para saldar dívidas com instituições menores. Agora, os credores exigem que a universidade acabe com o déficit mensal de R$ 4 milhões. O enxugamento da folha levará ao equilíbrio das contas.
Na primeira proposta apresentada pela PUC-SP aos bancos, a instituição conseguiria cortar apenas 50% do estabelecido.
Essa diferença fez com que dom Cláudio Hummes, que ocupa o maior posto da PUC e é fiador da dívida, cogitasse a hipótese de tirar Véras do cargo de secretária-executiva da Fundação São Paulo, mantenedora da universidade -tradicionalmente, o posto é ocupado pelo reitor.
Na prática, se isso ocorresse, Véras perderia o controle administrativo da instituição.
A reitora expôs essa situação ao Conselho Universitário. O órgão máximo da PUC-SP decidiu, então, que iria refazer a proposta, para chegar ao corte de 20% da folha. O anúncio foi feito anteontem no Tuca (teatro da universidade), que estava com todos os seus 700 lugares ocupados por professores, funcionários e estudantes. A platéia concordou com a medida.
Logo após o relato, Véras telefonou para dom Cláudio. "Ele disse que estava satisfeito pelo fato de a comunidade estar mobilizada e me confirmou no cargo."
A reitora afirmou que não poderia ter proposto os ajustes antes porque o período letivo ainda estava em andamento -uma modificação no corpo docente prejudicaria as atividades acadêmicas.
Neste momento, já está em curso a demissão de 70 dos 1.900 professores da universidade, sendo que 30 se apresentaram voluntariamente. Esse número irá subir até fevereiro, para que seja atingida a economia de R$ 4 milhões na folha de pagamento.
A redução também será feita por meio de diminuição nos contratos de docentes. Ou seja, eles dedicarão menos horas à PUC-SP e, com isso, ganharão menos.
"A intenção é manter os professores mais titulados, mesmo que com menos horas", disse o chefe-de-gabinete da reitoria, Guilherme Simões. "Apostamos que a PUC-SP vá crescer novamente e, então, poderemos aumentar os contratos", completou.
As próprias unidades estão avaliando como fazer o corte. A direção da PUC-SP diz que poderá equilibrar as contas apenas em fevereiro porque o contrato de trabalho não permite que haja demissões em janeiro. Enquanto isso, a universidade desenvolve o plano para atingir a meta.
A associação de professores afirmou que só irá se pronunciar na próxima terça-feira, quando realizará uma assembléia.
Outras medidas que a universidade irá tomar são a união de classes com poucos alunos e a diminuição de matérias optativas, permitindo assim a redução do quadro docente.
Enquanto busca diminuir seus gastos, a universidade procura formas de diminuir a dependência do dinheiro proveniente das mensalidades dos alunos -hoje responsável por 90% da receita anual, que é de R$ 360 milhões. Neste ano, a instituição conseguiu R$ 3 milhões em convênios e prestação de serviços.


Texto Anterior: Transportes: Bilhete único ônibus-metrô começa a valer no dia 30
Próximo Texto: Justiça: STJ libera aborto de feto com anormalidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.