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Anac notifica a Gol e ameaça cancelar vôos da empresa
Agência nacional de aviação determinou que companhia aumente os guichês de check-in
Ontem, a Gol voltou a apresentar atrasos em mais de 50% dos seus 580 vôos, segundo balanço das 22h divulgado pela Infraero
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO PAULO
A Anac (Agência Nacional da
Aviação Civil) notificou ontem
a Gol a regularizar o atendimento aos passageiros, após o
quarto dia seguido em que os
vôos da empresa tiveram atrasos acima da média nacional.
A determinação é que a empresa aumente os postos de
check-in nos aeroportos de
Cumbica (Guarulhos), do Galeão (Rio) e de Brasília.
Caso os atrasos persistam, o
órgão ameaça cortar vôos da
Gol, que também controla a Varig. A decisão será tomada em
uma reunião com a diretoria da
companhia, convocada pela
agência para a sexta-feira.
A Folha apurou que o governo concluiu que os problemas
nos aeroportos são conseqüência da deficiência da Gol/Varig
em atender os passageiros, e
não um caos aéreo. Por essa razão, a ordem é mostrar os problemas da companhia e evitar
que se dissemine a idéia de que
há uma crise aérea.
Ontem, um dia após o ministro Nelson Jobim (Defesa) ter
atribuído os atrasos a um corte
de funcionários da Gol, sindicatos de profissionais do setor
da aviação civil afirmaram que
a Anac, órgão ligado à Defesa,
sabia do problema havia pelo
menos 18 meses. Os sindicalistas dizem ter alertado sobre os
efeitos que os cortes teriam sobre os serviços prestados.
A Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil) e o SNA (Sindicato
Nacional dos Aeroviários) afirmam ter enviado ofícios à
agência quando ela ainda era
presidida por Milton Zuanazzi.
"A redução de funcionários
de algumas empresas aéreas,
(...) era fator de contribuição
para o apagão aéreo, naquele
momento [segundo semestre
de 2007]", diz trecho de ofício
enviado ontem ao ministério.
A Anac afirmou que não poderia ter evitado que os problemas ocorressem, já que "nenhum órgão regulador pode
multar uma empresa privada
por conta de demissões". "O
que é passível de multa é uma
conseqüência de tais demissões que represente uma infração à legislação", afirma nota.
Mesmo com os atrasos, a
agência só havia feito uma notificação às empresas por "preterição de passageiros" -problema causado quando uma aeronave precisa ser substituída
por uma menor que a prevista
para o vôo. A Anac nega que se
trate de overbooking.
Até as 22h de ontem, 52,9%
dos 580 vôos da Gol e 46,5%
dos 159 vôos da Varig tinham
atraso, contra 7,6% dos 711
vôos da TAM, principal concorrente da Gol. A Gol e a Varig
respondem por quase 40% dos
vôos no Brasil, segundo a Anac.
A Gol atribuiu os atrasos de
ontem a resquícios do problema enfrentado no final de semana (leia nesta pág.). Anteontem, a empresa afirmara que os
problemas "já estão completamente solucionados".
A Fentac estima em 700 o
número de profissionais cortados da Gol e da Varig há pelo
menos dois meses -cerca de
cem deles trabalhavam em
Congonhas (São Paulo), outros
70 em Cumbica (Guarulhos) e
mais 70 no Galeão (Rio), segundo a diretora-executiva da
entidade, Selma Balbino. A Gol
informou que, em outubro, tinha 15.831 funcionários.
"A maioria [dos cortados] era
ligada a cargos administrativos,
mas também houve corte de
investimento da Gol em serviços terceirizados, como a operação de equipamentos [que
engloba manobra de aeronaves
nos pátios, transporte de malas, e limpeza dos aviões].
A Swissport e a Vit Solo, terceirizadas que prestam serviços para a Gol, negam redução
do serviço. A Gol também negou redução de seu quadro.
Procurada ontem, a Gol não
detalhou quantos de seus funcionários foram cortados nem
que áreas foram afetadas.
A Folha solicitou que o Ministério da Defesa detalhasse
os cortes, sem sucesso.
A maior parte dos passageiros abordados ontem à tarde
em Cumbica antecipou a chegada ao aeroporto, mas a situação no final da tarde era tranqüila. Foi o caso da dona-de-casa Denize Braga, 33, que embarcaria para Recife às 21h05.
"Vim mais cedo esperando um
movimento muito maior, mas
está tudo muito tranqüilo."
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