São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Setor aéreo agora ameaça greve em janeiro

Pressão do governo e decisões da Justiça suspenderam paralisação de pilotos e funcionários que ocorreria ontem

Na madrugada de ontem, companhias elevaram proposta de reajuste para 8%; não há consenso do setor


Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Sindicalistas protestam no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo; uma negociação na madrugada de ontem foi determinante para a suspensão da greve

JANAÍNA LAGE
DO RIO

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Pressionados pela Justiça e pelo governo, os pilotos e funcionários do setor aéreo suspenderam a greve marcada para ontem em todo o país. O impasse, porém, continua: a categoria agora ameaça parar em janeiro.
Embora não tenha havido greve, protestos da categoria ocorreram nos aeroportos de Guarulhos, Salvador e Brasília, mas sem grandes transtornos aos passageiros.
O sindicato dos aeroviários do Rio chegou a anunciar uma paralisação à tarde de 20% da categoria, que não surtiu efeito. A média de atrasos de voos no país foi de 38% até as 19h -no mês, esse índice é de cerca de 20%.
Os sindicatos suspenderam a greve após o Tribunal Superior do Trabalho determinar que 80% do efetivo trabalhasse ontem sob ameaça de multa de R$ 100 mil. Horas antes, o presidente Lula também tinha apelado para que a greve não fosse realizada na véspera do Natal.
Com medo, passageiros chegaram mais cedo aos aeroportos. "Apesar do meu voo ter atrasado uma hora, fiquei aliviada. Estava esperando atraso ainda maior", disse a jornalista Juliana Alcântara, 25, que chegou ao Galeão (RJ) três horas antes -duas a mais que o necessário- de seu voo para Porto Alegre.
Uma negociação na madrugada foi determinante para suspender a greve.
Por volta das 5h, o Snea (sindicato das empresas aéreas) definiu nova proposta de aumento, de 8% -a oferta anterior havia sido de 6,5%.

NEGOCIAÇÃO
A decisão saiu após conversa entre o presidente do Snea, José Márcio Mollo, com os presidentes da TAM, Líbano Barroso, e da Gol, Constantino de Oliveira Júnior.
Quando falou com os dirigentes, Mollo já havia acertado com Graziela Baggio, ex-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, o reinício das negociações.
O objetivo era chegar a um consenso a tempo da assembleia dos sindicatos, às 5h.
Segundo Mollo, o Snea já entrou em contato com os sindicatos para agendar uma reunião na próxima semana.
A proposta inicial das empresas era repor a inflação calculada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e oferecer ganhos reais em abril, com uma nova data-base para a categoria.
O objetivo era evitar a repetição do impasse às vésperas dos feriados de fim de ano, os de maior volume de passageiros.
Após a reunião com o Ministério Público do Trabalho, as companhias propuseram reajuste de 6,5%. Ao notarem a insatisfação da categoria, as empresas decidiram pelos 8%, levando em conta a pressão política do governo.
A presidente do sindicato dos aeroviários (funcionários que trabalham em terra), Selma Balbino, diz que o reajuste de 8% é insuficiente, especialmente para quem ganha o piso (R$ 704). O sindicato dos aeronautas, representante de pilotos e comissários, também contestou o aumento; a categoria pede 15%.
O sindicato das empresas aéreas disse não ter condições de elevar a proposta. Há cerca de 80 mil aeronautas e aeroviários no país.


Próximo Texto: Para ministro do TST, bom senso define efetivo mínimo durante greve
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.