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GOVERNO LULA
Associações de moradores não serão responsáveis por emissão do documento; plano opôs ministérios
Proposta para certificado de posse é alterada
IURI DANTAS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal enterrou ontem a idéia de editar um decreto
repassando a associações de moradores a responsabilidade de
emitir certificados de posse para a
população de áreas irregulares.
Além de uma saia justa com integrantes do Ministério das Cidades, que não sabiam da proposta
do Ministério da Justiça, especialistas criticaram a medida, apontando entraves técnicos e jurídicos. A proposta da Justiça era que
o Ministério das Cidades homologasse os certificados emitidos pelas associações.
"Esse decreto foi um esboço de
proposta que estava sendo estudada dentro do Ministério da Justiça. Isso veio a público e virou a
maior discussão, mas ainda está
em estudo interno", afirmou a urbanista Raquel Rolnik, secretária
nacional de Programas Urbanos
do Ministério das Cidades. Para
ela, "fazer a regularização na pasta
das Cidades é impossível".
Ontem, o grupo técnico responsável pelo projeto de regularização fundiária -integrado por
Justiça, Cidades e Defensoria Pública- se reuniu em Brasília e decidiu que as prefeituras serão os
agentes da regularização.
Ao governo federal caberá a tarefa de capacitar os municípios,
ajudá-los a montar um programa
de regularização e disponibilizar
linhas de financiamento.
De acordo com Raquel Rolnik,
as associações de moradores participarão do processo. "Se a população não estiver organizada, não
há como fazer a regularização."
Na reunião, foi definido que o
governo dará continuidade aos
programas das prefeituras, deixando a cargo do poder público a
emissão das concessões de uso
para moradia. Em caso de terras
municipais, por exemplo, a prefeitura é a responsável.
O governo pretende realizar um
seminário em março com representantes de prefeituras.
Segundo Raquel Rolnik, a
União vai priorizar os municípios
que fazem parte do Fome Zero.
Nesses locais, a União vai levantar
os problemas que impedem a regularização, principalmente em
área federal, e depois procurar a
administração municipal para
tentar resolvê-los.
Para os outros municípios, a
proposta é que a prefeitura procure o Ministério das Cidades e
apresente os problemas.
De acordo com a secretária, se
for necessário, os municípios podem contar com financiamento
federal para montar cadastro,
criar projetos de urbanização e
desenvolver a regularização.
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