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CRISE NA SAÚDE
Problema ocorre no mesmo pronto-socorro do Rio que, no dia 19, alugou ar-condicionado por 4 h para visita de ministro
Sem ar-refrigerado, hospital adia cirurgias
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Maior pronto-socorro do país,
o Hospital Municipal Souza
Aguiar cancelou ontem, pelo segundo dia consecutivo, a realização de cirurgias por causa de um
problema no ar-condicionado
central do hospital do Rio, que já
persiste há mais de 20 dias.
"É um caos. Falta tudo no hospital. De equipamentos ao ar-condicionado, que não funciona.
No centro cirúrgico, o calor chega
aos 29C, enquanto que na emergência chega aos 33C", disse o
deputado Paulo Pinheiro, presidente da Comissão de Saúde da
Assembléia Legislativa do Rio.
A Comissão de Saúde pedirá
hoje a abertura de um inquérito
civil para investigar o cancelamento das cirurgias.
No último dia 19, porém, o ministro da Saúde, Saraiva Felipe,
não precisou enfrentar o calor ao
visitar o hospital. Para recebê-lo, a
direção da unidade alugou dez
aparelhos de ar-condicionado para serem instalados no auditório
por quatro horas. Após a solenidade, o equipamento foi retirado.
Na área interna do hospital,
principalmente no acesso à emergência, além do calor, impera a
improvisação. Como o setor ambulatorial passa por reforma, os
pacientes têm que esperar pelo
atendimento em bancos colocados na área externa.
Na mesma área, um pequeno
canteiro da obra se transformou
em moradia para o pernambucano José Roberto Leite da Silva, 34.
Operado na unidade após ser esfaqueado, há duas semanas, ele se
recupera da cirurgia ali.
Silva, a mulher e um dos cinco
filhos passam todas as manhãs e
noites no canteiro. À tarde, todos
saem para catar papel na rua, único meio de sobrevivência deles.
"Não tenho para onde ir", disse.
Não há conforto algum para
quem precisa utilizar a emergência ou o ambulatório. Às 15h de
ontem, Elizabete das Chagas Flores, 47, e sua filha Nívea, 18, dormiam no banco da frente de uma
ambulância da Secretaria Municipal de Saúde de Resende.
Segundo Flores, elas estavam ali
esperando um paciente que era
atendido numa sessão de hemodiálise no Souza Aguiar.
Relatório
O deputado Pinheiro diz que
também será encaminhado ao
Ministério Público um relatório
com todas as irregularidades encontradas durante uma visita da
comissão à unidade, anteontem.
Ele diz ainda que o contrato para a
instalação do ar-condicionado
não previa a reposição de peças.
"Com esse calor não dá para trabalhar. É esse sofrimento todos os
dias", desabafou uma enfermeira,
saindo da emergência e enxugando o suor. Além do calor, outro
problema é a superlotação na
emergência. O setor está com 46
pacientes, o dobro da capacidade.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou, por nota, que
a refrigeração foi restabelecida
ontem em cinco das dez salas do
centro cirúrgico. A nota diz ainda
que todo o sistema de refrigeração do hospital deve estar recuperado em 15 dias. Até a conclusão
desta edição, a secretaria não havia se pronunciado sobre as obras
de reforma no ambulatório e os
problemas na área interna.
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