São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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SÃO PAULO, 454 ANOS / NOVOS MORADORES

Estrangeiros elogiam SP, mas odeiam as marginais

Segundo radicados na cidade, transporte é um problema; diversidade, um atrativo

Ciclovias e estações de metrô são presentes que a cidade mereceria de aniversário, dizem estrangeiros que adoram a vida na metrópole

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que uma francesa, um húngaro, uma espanhola, um casal de americanos, uma libanesa, uma polonesa, um taiwanês e um canadense têm em comum? São todos radicados em São Paulo. E adoram.
No aniversário de 454 anos da cidade, comemorado hoje, estrangeiros das mais diversas nacionalidades que moram aqui por opção contam -com distanciamento e com referenciais de seus países de origem, e sem a visão contaminada que muitos paulistanos têm de partes da própria cidade- o que mais gostam e o que mudariam para melhorar a vida dos moradores de São Paulo.
Curiosamente, a maioria detesta as marginais. E não é difícil de saber o maior problema que sentem na cidade. "Essa é fácil de responder: o trânsito", diz o americano Billy Boudreaux, 41, natural de Atlanta, engenheiro de software, dois anos de São Paulo.
"Eu ampliaria os corredores de ônibus na cidade", afirma o canadense Sean Purdy, 41, historiador e professor da USP, sete anos em meio na cidade, pai de um garoto de cinco anos nascido no Brasil.
Para a polonesa Milena Nowakowska, 23, estudante de engenharia química da USP, a cidade precisa resolver o problema de transporte. "Tem de fazer mais estações de metrô para não se gastar tanto tempo nos ônibus", reclama.
E que presente dariam a São Paulo neste aniversário?
"Criaria mais opções para as crianças passearem e brincarem", diz a professora espanhola Marta Rodriguez, 38, de Sevilha, seis anos de São Paulo, mãe dos gêmeos Marcos e Lucas, nascidos por aqui.
A arquiteta norte-americana Tracy Harrison Peixoto, 39, autora de um guia de São Paulo para estrangeiros (leia texto nesta página), há sete anos na cidade, "melhoraria o transporte público com mais ciclovias".

Cocô de cachorro
Nascida e criada em Nova York, Peixoto (o sobrenome vem do marido brasileiro) diz adorar o ritmo frenético de São Paulo, mas critica a "falta de respeito com a cidade".
"Não gosto da sujeira, das pessoas jogando lixo do carro na rua, de cocô de cachorro no chão", afirma.
A francesa Virginie Fernandez, 35, executiva da Moet Hennessy, sete anos de Vila Madalena e mãe de Gaspar, um paulistano de 1 ano, diz detestar os shopping centers. "Parecem formigueiros gigantes."
Mas adora a diversidade ("é uma cidade de muitas tribos") e a São Paulo aberta 24 horas. Coisa que Paris, sua cidade natal, diz, "não tem quase nada".
Crítica da falta de urbanismo em São Paulo, "cidade sem muita lógica" (a americana Tracy Harrison Peixoto concorda), Fernandez "construiria muitas linhas novas de metrô e melhoraria as calçadas".
E dos paulistanos, o que os estrangeiros acham?
"Tenho sido tratado como ouro por quase todo mundo em São Paulo", diz Purdy.
O administrador de empresas húngaro Tibor Sotkovszki, 37, seis de São Paulo, diz que, depois desse tempo, "será difícil morar em outra cidade".
Pouco conhecida como destino internacional, São Paulo ganhou nos últimos meses três reportagens no "New York Times", um dos jornais de maior prestígio dos EUA.
"À primeira vista pode ser a mais feia e perigosa cidade que você vai amar por toda a sua vida", diz a abertura do texto, que traçava um roteiro do que fazer por aqui em 36 horas.


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