|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SÃO PAULO, 454 ANOS / NOVOS MORADORES
Estrangeiros elogiam SP, mas odeiam as marginais
Segundo radicados na cidade, transporte é um problema; diversidade, um atrativo
Ciclovias e estações de metrô são presentes que a cidade mereceria de aniversário, dizem estrangeiros que adoram a vida na metrópole
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que uma francesa, um húngaro, uma espanhola, um casal
de americanos, uma libanesa,
uma polonesa, um taiwanês e
um canadense têm em comum? São todos radicados em
São Paulo. E adoram.
No aniversário de 454 anos
da cidade, comemorado hoje,
estrangeiros das mais diversas
nacionalidades que moram
aqui por opção contam -com
distanciamento e com referenciais de seus países de origem, e
sem a visão contaminada que
muitos paulistanos têm de partes da própria cidade- o que
mais gostam e o que mudariam
para melhorar a vida dos moradores de São Paulo.
Curiosamente, a maioria detesta as marginais. E não é difícil de saber o maior problema
que sentem na cidade. "Essa é
fácil de responder: o trânsito",
diz o americano Billy Boudreaux, 41, natural de Atlanta,
engenheiro de software, dois
anos de São Paulo.
"Eu ampliaria os corredores
de ônibus na cidade", afirma o
canadense Sean Purdy, 41, historiador e professor da USP, sete anos em meio na cidade, pai
de um garoto de cinco anos
nascido no Brasil.
Para a polonesa Milena Nowakowska, 23, estudante de engenharia química da USP, a cidade precisa resolver o problema de transporte. "Tem de fazer mais estações de metrô para não se gastar tanto tempo
nos ônibus", reclama.
E que presente dariam a São
Paulo neste aniversário?
"Criaria mais opções para as
crianças passearem e brincarem", diz a professora espanhola Marta Rodriguez, 38, de Sevilha, seis anos de São Paulo, mãe
dos gêmeos Marcos e Lucas,
nascidos por aqui.
A arquiteta norte-americana
Tracy Harrison Peixoto, 39, autora de um guia de São Paulo
para estrangeiros (leia texto
nesta página), há sete anos na
cidade, "melhoraria o transporte público com mais ciclovias".
Cocô de cachorro
Nascida e criada em Nova
York, Peixoto (o sobrenome
vem do marido brasileiro) diz
adorar o ritmo frenético de São
Paulo, mas critica a "falta de
respeito com a cidade".
"Não gosto da sujeira, das
pessoas jogando lixo do carro
na rua, de cocô de cachorro no
chão", afirma.
A francesa Virginie Fernandez, 35, executiva da Moet
Hennessy, sete anos de Vila
Madalena e mãe de Gaspar, um
paulistano de 1 ano, diz detestar os shopping centers. "Parecem formigueiros gigantes."
Mas adora a diversidade ("é
uma cidade de muitas tribos") e
a São Paulo aberta 24 horas.
Coisa que Paris, sua cidade natal, diz, "não tem quase nada".
Crítica da falta de urbanismo
em São Paulo, "cidade sem
muita lógica" (a americana
Tracy Harrison Peixoto concorda), Fernandez "construiria
muitas linhas novas de metrô e
melhoraria as calçadas".
E dos paulistanos, o que os
estrangeiros acham?
"Tenho sido tratado como
ouro por quase todo mundo em
São Paulo", diz Purdy.
O administrador de empresas húngaro Tibor Sotkovszki,
37, seis de São Paulo, diz que,
depois desse tempo, "será difícil morar em outra cidade".
Pouco conhecida como destino internacional, São Paulo ganhou nos últimos meses três
reportagens no "New York Times", um dos jornais de maior
prestígio dos EUA.
"À primeira vista pode ser a
mais feia e perigosa cidade que
você vai amar por toda a sua vida", diz a abertura do texto, que
traçava um roteiro do que fazer
por aqui em 36 horas.
Texto Anterior: Kassab planeja instalar 12 mil câmeras em SP Próximo Texto: Guia em inglês dá dicas para morar na cidade Índice
|