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Lei que autoriza autuações completa seis anos sem uso
PABLO SOLANO
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma lei sancionada há quase
sete anos que permite ao Condephaat multar quem danifica
bens tombados não tem efeitos
na prática.
A aplicação da lei 10.774, de
março de 2001, possibilitaria ao
Condephaat punir por conta
própria agressões aos mais de
300 bens que são protegidos
pelo Estado.
Atualmente, o órgão necessita do apoio das prefeituras e do
Ministério Público de São Paulo para embargar obras e reparar danos ao patrimônio.
O presidente do Condephaat,
Adilson Avansi, afirma que o
conselho pretende iniciar a
aplicação das multas, mas que
ainda discute as regras para a
fiscalização. Avansi diz que não
existe prazo para colocar em
prática a medida e que ainda
não está definido quem realizará o trabalho.
Sem fiscais
O Condephaat não possui fiscais. A vistoria aos bens tombados é realizada pelos responsáveis pelas análises técnicas.
"Não existe um funcionário
que só faça a fiscalização. Ele
também faz estudos, analisa
propostas de reforma, de conservação e de restauro", diz
Avansi.
A Promotoria do Meio Ambiente da Capital investiga o
trabalho de fiscalização do conselho desde 2006.
A promotora Mariza Tucunduva, responsável pelo inquérito civil do caso, diz que o órgão
deveria ser uma autarquia para
ter maior poder de fiscalização.
A lei 10.774 foi regulamentada em 2004 por um decreto assinado pela ex-secretária de
Cultura Claudia Costin. Ela
afirma que a medida fazia parte
de um processo de reestruturação do Condephaat que não foi
concluído até ela deixar a pasta.
"Havia, mesmo entre os conselheiros, visões distintas sobre
como aplicar o decreto", afirma
Costin, que foi substituída pelo
cineasta João Batista de Andrade, em 2005.
Já Andrade afirma que não
teve tempo suficiente para tratar do assunto, porque teve que
reformular o Condephaat -segundo ele, emperrado por uma
crise política entre os conselheiros.
Multas de lado
Também autorizado a aplicar
multas, o superintendente do
Iphan em São Paulo, Victor
Hugo Mori, afirma preferir não
exercer esse poder.
Para ele, é mais eficiente realizar acordos com os responsáveis pelos danos. Com isso, o
Iphan financia atividades de
conscientização sobre preservar o patrimônio histórico.
"A compensação tem que ser
muito maior que a coisa destruída e pode acontecer com a
publicação de livros, a construção de museus ou a restauração
de outros monumentos", afirma Mori.
Para ele, mais importante do
que investir na fiscalização é a
educação. "O melhor guardião
é a sociedade. Nos lugares mais
articulados, a preservação é
melhor", afirma.
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