São Paulo, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

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Grandino assume USP hoje pregando diálogo

Em seu discurso, novo reitor dirá que atos recentes de violência desmerecem a universidade "aos olhos da sociedade"

DA REPORTAGEM LOCAL

O professor João Grandino Rodas assume hoje a reitoria da universidade mais conceituada do Brasil, a USP (Universidade de São Paulo), com a promessa de que o clima de animosidade e os atos de violência que marcaram a gestão da reitora Suely Vilela não se repetirão nos próximos quatro anos.
Em 2007, estudantes invadiram a reitoria. Em razão das dificuldades no diálogo, a ocupação durou quase dois meses. Em 2009, a polícia usou balas de borracha, bombas de efeito moral e cassetetes para reprimir um ato de alunos e funcionários na Cidade Universitária.
"Chega da violência, que sempre gera violência", dirá Grandino em sua posse.
A Folha teve acesso ao discurso inaugural. "A universidade não pode mais conviver com tal estado de coisas (...) por comprometer seus resultados, por enxovalhar o ideal universitário e por desmerecer irremediavelmente a universidade aos olhos da sociedade."
Para que isso seja possível, ele diz ser fundamental que a reitoria tenha transparência e esteja aberta ao diálogo com a comunidade interna da USP. Nos últimos dois meses, desde que foi escolhido para o cargo, já se reuniu mais de uma vez com os sindicatos de professores e de funcionários e com representantes de alunos.
Embora tenha sido o segundo colocado nas votações, Grandino foi o escolhido pelo governador José Serra (PSDB). Foi a primeira vez desde Paulo Maluf, em 1981, que um governador não indicou o primeiro nome da lista tríplice.
Por ora, o único anunciado por Grandino para compor o primeiro escalão da universidade é o do médico e cientista Marco Antonio Zago. Ele acaba de deixar a presidência do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para assumir a pró-reitoria de pesquisa.

Vestibulandos
O novo reitor diz que uma de suas prioridades é adequar a infraestrutura ao crescimento do número de alunos de graduação nos últimos anos. Segundo ele, é preciso obter dinheiro do BNDES, de bancos internacionais e de ex-alunos para construir e reformar prédios, laboratórios e bibliotecas.
A USP tem 87 mil alunos de graduação e pós-graduação na capital e em seis cidades.
Entre os desafios do reitor estão recuperar o interesse dos vestibulandos pela universidade -o número de inscritos tem caído ano após ano- e melhorar a relação com o Ministério da Educação -a USP não integra o Enade, o exame do governo federal que avalia o desempenho dos universitários.
Até a semana passada, Grandino ocupou a direção da histórica Faculdade de Direito, no largo São Francisco. Trabalhou até o último minuto.
Na sexta, esteve ocupado com a transferência de 100 mil livros para a nova biblioteca. Também batizou com os nomes do advogado Pinheiro Neto e do banqueiro Pedro Conde duas salas de aula reformadas e equipadas com doações de familiares desses ex-alunos.
João Grandino Rodas, 64, é formado em música, letras, educação e direito. Foi juiz federal e do Trabalho, chefiou a consultoria jurídica do Ministério das Relações Exteriores e presidiu o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Hoje faz parte do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul. (RW)


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