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Grandino assume USP hoje pregando diálogo
Em seu discurso, novo reitor dirá que atos recentes de violência desmerecem a universidade "aos olhos da sociedade"
DA REPORTAGEM LOCAL
O professor João Grandino
Rodas assume hoje a reitoria da
universidade mais conceituada
do Brasil, a USP (Universidade
de São Paulo), com a promessa
de que o clima de animosidade
e os atos de violência que marcaram a gestão da reitora Suely
Vilela não se repetirão nos próximos quatro anos.
Em 2007, estudantes invadiram a reitoria. Em razão das dificuldades no diálogo, a ocupação durou quase dois meses.
Em 2009, a polícia usou balas
de borracha, bombas de efeito
moral e cassetetes para reprimir um ato de alunos e funcionários na Cidade Universitária.
"Chega da violência, que
sempre gera violência", dirá
Grandino em sua posse.
A Folha teve acesso ao discurso inaugural. "A universidade não pode mais conviver com
tal estado de coisas (...) por
comprometer seus resultados,
por enxovalhar o ideal universitário e por desmerecer irremediavelmente a universidade
aos olhos da sociedade."
Para que isso seja possível,
ele diz ser fundamental que a
reitoria tenha transparência e
esteja aberta ao diálogo com a
comunidade interna da USP.
Nos últimos dois meses, desde
que foi escolhido para o cargo,
já se reuniu mais de uma vez
com os sindicatos de professores e de funcionários e com representantes de alunos.
Embora tenha sido o segundo colocado nas votações,
Grandino foi o escolhido pelo
governador José Serra (PSDB).
Foi a primeira vez desde Paulo
Maluf, em 1981, que um governador não indicou o primeiro
nome da lista tríplice.
Por ora, o único anunciado
por Grandino para compor o
primeiro escalão da universidade é o do médico e cientista
Marco Antonio Zago. Ele acaba
de deixar a presidência do
CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e
Tecnológico) para assumir a
pró-reitoria de pesquisa.
Vestibulandos
O novo reitor diz que uma de
suas prioridades é adequar a infraestrutura ao crescimento do
número de alunos de graduação nos últimos anos. Segundo
ele, é preciso obter dinheiro do
BNDES, de bancos internacionais e de ex-alunos para construir e reformar prédios, laboratórios e bibliotecas.
A USP tem 87 mil alunos de
graduação e pós-graduação na
capital e em seis cidades.
Entre os desafios do reitor
estão recuperar o interesse dos
vestibulandos pela universidade -o número de inscritos tem
caído ano após ano- e melhorar a relação com o Ministério
da Educação -a USP não integra o Enade, o exame do governo federal que avalia o desempenho dos universitários.
Até a semana passada, Grandino ocupou a direção da histórica Faculdade de Direito, no
largo São Francisco. Trabalhou
até o último minuto.
Na sexta, esteve ocupado
com a transferência de 100 mil
livros para a nova biblioteca.
Também batizou com os nomes do advogado Pinheiro Neto e do banqueiro Pedro Conde
duas salas de aula reformadas e
equipadas com doações de familiares desses ex-alunos.
João Grandino Rodas, 64, é
formado em música, letras,
educação e direito. Foi juiz federal e do Trabalho, chefiou a
consultoria jurídica do Ministério das Relações Exteriores e
presidiu o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Hoje faz parte do Tribunal Permanente de Revisão do
Mercosul.
(RW)
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