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Grupos usam assistencialismo para conquistar moradores
DA SUCURSAL DO RIO
As milícias adotam as associações de moradores e práticas
assistencialistas como plataformas para obter a simpatia
das comunidades onde atuam.
As entidades lhes asseguram a
legitimidade necessária para
fazer pleitos e agir politicamente em prol da localidade.
As duas estratégias são semelhantes às usadas por traficantes. O assistencialismo foi política disseminada por criminosos de drogas no passado, em
favelas do Rio -hoje eles se impõem mais pelo terror.
A Folha conversou com dois
chefes de milícia -complexo
da Palmeirinha (Guadalupe) e
Praia de Ramos (Piscinão)/Roquete Pinto- e um "gerente".
Nos dois lugares, há distribuição de cestas básicas: 355 na
primeira e 130 na segunda,
conforme os líderes. O farnel
inclui macarrão, arroz, feijão,
farinha e sal.
Na Praia de Ramos, controlada há três meses por policiais,
shows de artistas como Pique
Novo e Bebeto -com cobrança
de um quilo de alimentos não
perecíveis- arrecadam material para as cestas. Na Palmeirinha, o grupo de policiais disse
ter ajudado a pagar a obra de
uma creche da prefeitura, cujos
trabalhos estavam parados.
Em parceria com as associações, as milícias também doam
remédios, promovem festas
para crianças e pagam enterros
para moradores. Sob a lona do
Piscinão -que deve ser trocada
por empresa telefônica, a pedido deles- há um parquinho
com brinquedos do grupo.
A escolha dos beneficiados
com as cestas segue critérios
que incluem visita de um integrante da milícia, segundo eles
para avaliar a necessidade e dar
apenas aos que mais precisam.
Na associação de moradores
da Palmeirinha, um cartaz escrito a mão informa: "Remédio
só com receita". Os responsáveis pela área dizem que freqüentemente levam de carro
moradores até hospitais ou
postos de saúde.
Com o apoio da milícia local,
a associação de Guadalupe solicitou aos Correios 120 caixas
de correspondência. Antes, dizem, os carteiros não entravam
na comunidade, deixavam as
cartas na associação.
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