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Pernambuco tem piores salários; DF, os melhores
São Paulo tem quinta maior média, R$ 1.767, nas redes municipal e estadual
Levantamento revela surpresa, como o terceiro lugar conquistado por Sergipe; cálculo teve como base jornada de 40 horas
DA SUCURSAL DO RIO
Os maiores rendimentos de
professores da rede pública básica para uma jornada de 40 horas são encontrados no Distrito
Federal (R$ 3.371, em média),
diz o estudo do Ministério da
Educação feito a partir da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Os docentes
de Pernambuco são os com piores salários (R$ 831) no país.
Em Pernambuco, Maria Agnalda Cunha, 47, mesmo com
nível superior, tem na rede estadual salário bruto com gratificações de apenas R$ 542 para
uma jornada parcial. Segundo
ela, o valor não chegar a ser suficiente nem para poder quitar
mensalmente as despesas com
água, luz e telefone.
Por isso, precisa complementar o salário dando aulas à
noite no município e, entre as
duas escolas, ainda acha tempo
para dar aulas particulares. "Fica muito apertado e não sobra
quase nenhum tempo livre",
diz Maria Agnalda.
Já Cesar Santos, 41, professor em Brasília, consegue um
rendimento líquido de cerca de
R$ 3.000 ao trabalhar exclusivamente na rede distrital.
"Se eu disser que não consigo
viver com esse salário estaria
mentindo, mas não pago aluguel. Muitos professores daqui
não têm essa facilidade, o que
faz muita diferença numa cidade com custo de vida tão alto",
afirma Santos.
Antônio Lisboa, diretor do
Sindicato dos Professores do
Distrito Federal, lembra que,
além do custo de vida, é preciso
considerar que os professores
têm o pior rendimento entre os
servidores públicos da capital.
O secretário de educação do
DF, José Valente, reconhece
essa situação e diz que o governo se comprometeu a priorizar
os professores em reajustes,
mas afirma que, por ter os melhores salários do Brasil, cobrará sempre os melhores desempenhos em avaliações.
O levantamento revela também algumas surpresas. O Estado de Sergipe aparece como
terceiro melhor rendimento
(média de R$ 2.012).
O diretor de comunicação do
Sindicato dos Trabalhadores
em Educação de Sergipe, Roberto dos Santos, diz que, levando em conta gratificações, o
salário pode mesmo chegar a
R$ 2.000 se o professor trabalhar no Estado e no município.
Ele diz que o sindicato conseguiu repor parte das perdas em
2006, mas que ainda há uma
perda acumulada de 32%.
São Paulo
São Paulo tinha em 2006 a
quinta maior média (R$ 1.767)
quando se considerava tanto a
rede municipal quanto a estadual. Considerando apenas a
rede estadual, o Estado apresentava o sétimo maior rendimento (R$ 1.840). Na média
das redes municipais, o rendimento dos professores paulistas era o segundo maior.
Uma das maiores vantagens
de usar a Pnad em comparações de salários de professores
é que a pesquisa permite medir
o rendimento médio de todos
os docentes do país, sem se limitar a apenas um ponto da
carreira (o rendimento para
um professor em início da carreira é sempre diferente de um
no fim, por exemplo).
Em compensação, por ser
uma pesquisa feita por amostra, é preciso considerar que há
margem de erro.
Os rendimentos médios de
R$ 1.840 na rede estadual de
São Paulo, por exemplo, são tão
próximos dos de Rondônia (R$
1.863), Roraima (R$ 1.856) e
Acre (R$ 1.826) que a diferença
não é estatisticamente significativa.
(ANTÔNIO GOIS)
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