São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

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Após passar 116 trotes à PM, mulher de 26 anos é presa

DA REPORTAGEM LOCAL

Os trotes não são exclusividade do Samu. Outros números gratuitos de emergência, como 190 (PM) e o 193 (Bombeiros) também recebem muitas ligações falsas, mas não há um levantamento nacional consolidado sobre as ocorrências.
Assim como os trotes do Samu, os recebidos por outros serviços também são feitos, na maioria das vezes, por crianças, nos horários de entrada e saída da escola por meio de orelhões. Mas há também casos de ligações falsas feitas de linhas residenciais, o que facilita a identificação do autor do trote.
No ano passado, a PM de Brasília conseguiu identificar e punir dois trotistas: uma mulher de 26 anos e um garoto de 11 anos. A mulher passou 116 trotes para o serviço 190 em um período de cinco horas.
Ficou dois dias presa e foi solta depois que a Defensoria Pública conseguiu o relaxamento da prisão com base na falta de antecedentes criminais e na alegação da família de que ela estava deprimida.
Em novembro, um menino de 11 anos, morador na Asa Sul de Brasília, foi parar na delegacia também por passar trote para o número 190 da PM. O garoto disse à polícia que um homem estaria assaltando os moradores de um apartamento no bloco onde mora.
Quando chegou ao local, a polícia constatou que se tratava de um trote e rastreou o número do telefone. Identificado, o garoto foi levado para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) e depois, liberado.
O promotor público de Justiça Diaulas Ribeiro diz que, no caso das crianças trotistas, os pais devem ser responsabilizados. "Se não sabem o que os filhos estão fazendo, vão ficar sabendo por intimação do Ministério Público. Aí não vão ter desculpa." Ele também defende a suspensão das linhas telefônicas. "Se for celular, corta o número. Há mecanismos para suspender o mau uso dos telefones, que é um serviço público. Uma forma de mau uso é expor a saúde das pessoas a riscos."
Ribeiro sustenta que até os orelhões usados para trotes deveriam ser desligados para que a sociedade se envolva com o problema. "No momento que isso acontecesse, a comunidade iria começar a cuidar dele."
O coordenador do Samu de Brasília, Rodrigo Caseli, prefere o caminho da educação. "É um desperdício de tempo e energia. Se nem bêbado que mata uma família inteira no trânsito vai para cadeia neste país, o que dirá o cara que aplica trote?", questiona. (CC)


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