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inclusão
Em bloco de cegos, vidente usa venda
TAI NALON
DA SUCURSAL DO RIO
Deficientes visuais do
Instituto Benjamin Constant, tradicional escola para cegos no Rio, descobriram uma alternativa segura para pular Carnaval.
Guiados pelos sons da bateria e de chocalhos distribuídos aos videntes, alunos e amigos do instituto
desfilaram no bloco "Beijamin no Escuro" na tarde
de ontem pelo bairro da
Urca, zona sul Rio.
A mensagem do bloco
era de inclusão -cegos podiam brincar livremente
pelas ruas do bairro, enquanto videntes eram
convidados a tapar os
olhos para experimentar a
sensação de pular Carnaval sem enxergar.
"É difícil!", disse a dona-de-casa Eliane Pereira, 38,
tirando a venda dos olhos
depois de rodopiar com o
estandarte do bloco pela
avenida Pasteur.
Ao assumir o bandeirão
do bloco, Sueli Gonçalves,
47, há 17 anos cega, cumprimentou o empenho da
companheira de folia.
"Poucas pessoas têm coragem de vendar os olhos
porque isso os deixa inseguros. Eles não entendem
que rodopiar no escuro dá
sensação de liberdade."
De fato, foliões cegos
não tiveram problemas de
orientação no desfile. A estudante Mariela Nunes,
20, curiosa para saber como é desfilar de olhos tapados, desistiu de usar a
venda depois de atropelar
uma amiga vestida de abelha no percurso do bloco
até a parada dos bondinhos do Pão de Açúcar, na
praia Vermelha. "Resolvi
tirar para não acabar com
o Carnaval de inocentes",
comentou, entre risadas.
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