Manifestantes bloqueiam estrada da zona leste e ateiam fogo a veículos um dia após água de córrego invadir casas

Houve confronto entre moradores e policiais, que usaram bombas de efeito moral; manifestação é a 3ª desse tipo em fevereiro

LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"

Cerca de 500 manifestantes bloquearam por cerca de cinco horas, entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, a estrada Dom João Nery, no Itaim Paulista (zona leste de São Paulo), obrigaram passageiros de dois ônibus a descer e atearam fogo aos veículos.
O objetivo era protestar contra enchentes. Pedaços de móveis foram incendiados e usados para formar uma barricada. Houve confronto entre moradores e policiais militares, que utilizaram bombas de efeito moral. Ninguém foi preso. Um manifestante passou mal e teve de ser levado a um hospital.
Anteontem à noite, uma chuva de menos de três horas -mas de 39,4 mm segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências)- causou o transbordamento do córrego Lageado em vários pontos.
De acordo com moradores, a água invadiu rapidamente casas nos bairros Jardim Nazaré, Jardim Eva e Jardim Jaraguá.
Quem só conseguiu voltar para casa horas depois, vindo do trabalho, não teve tempo para salvar móveis e eletrodomésticos. É o caso do carpinteiro Rubenilson Maurício da Silva, 30, que mora no Jardim Eva, em uma casa à beira do córrego há cerca de cinco anos.
"Estava trabalhando em Mauá e cheguei hoje de manhã [ontem]. Minha mulher, que também trabalha, teve que dormir na casa de uma vizinha porque não conseguiu entrar. A água já tinha tomado tudo."
Moradores dizem que a água só alagou os imóveis rapidamente porque a Subprefeitura do Itaim Paulista não limpa o córrego. "Desde o ano passado não vejo trator passando nesse córrego nem a prefeitura limpando as margens", diz o mecânico Ademir Santos Morais, 31.

Outros casos
Foi a terceira vez neste ano que ônibus foram queimados em protestos contra enchentes em São Paulo. No último dia 16, moradores de Cidade Ademar (zona sul) queimaram um veículo para protestar pela morte por afogamento de um homem durante inundação.
No dia 3, outra manifestação após alagamento no A. E. Carvalho (zona leste) teve um ônibus queimado.