São Paulo, domingo, 25 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Resultado da conversa pode ser positivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Se as situações com que lidam os voluntários do CVV são sempre difíceis, exigem um alto grau de dedicação e compreensão, seu desfecho muitas vezes pode ser altamente gratificante para quem resolveu destinar parte de seu tempo para ouvir uma pessoa em situação de desespero.
Numa tarde de sexta-feira, a Folha presenciou uma situação nesses moldes. Acompanhou o trabalho da voluntária Iracema (advogada, 50 anos) no posto do Jabaquara. Presenciou ela realizando dois atendimentos. No primeiro era um homem que já havia telefonado várias vezes antes, sempre com problemas de inadequação no trabalho. Sua queixa era no sentido de que nunca conseguia emprego ou qualquer atividade que garantisse sua sobrevivência.
Mas a conversa desse dia foi diferente: "Depois de muitas ligações, ele resolveu se tornar um voluntário. Ligou para saber o que era preciso, como eram os cursos, como a gente lidava com as outras pessoas que ligavam. Ou seja, resolveu enfrentar seus problemas mudando de lado, ouvindo outras pessoas falando sobre os problemas delas".
O telefonema seguinte que Iracema recebeu (aliás imediatamente após o anterior, porque, ali, o telefone não pára) foi o de uma mulher que se dizia desiludida com o ser humano. "Ela acreditava muito numa pessoa que tentou passá-la para trás. Ligou para cá apenas para dizer isso, para desabafar. E é claro que foi muito bom para ela", disse Iracema, satisfeita.
Há ainda casos extremos, em o telefonema não é para falar de nenhuma desgraça ou ameaça de suicídio. Mas para compartilhar alguma alegria.
Há dois casos recentes: num deles um pai eufórico telefonou apenas para relatar que a sua filha tinha sido aprovada num exame vestibular.
No outro, um imigrante nordestino morador de São Paulo, pobre, acabara de ser pai. Não tinha dinheiro para fazer um telefonema interurbano para a sua terra. Ligou para o CVV e, feliz, contou a boa-nova para o voluntário de plantão. (LC)


Texto Anterior: Entidade sobrevive só de colaboração
Próximo Texto: Saúde: 2,5 milhões podem descobrir diabetes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.