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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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JUSTIÇA SOB AMEAÇA

Em entrevista, Alexandre Martins de Castro Filho pediu penas maiores para presos ligados ao crime organizado

"Não vamos nos intimidar", disse juiz

DA AGÊNCIA FOLHA

O juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado ontem de manhã, disse, em entrevista publicada anteontem no jornal capixaba "A Tribuna", que a morte do juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias, no dia 14, foi "um fato isolado" e que não iria se intimidar. "Eu acho que foi um fato isolado. Isso vai ter uma resposta à altura", afirmou o juiz.
"O Poder Executivo vai encontrar o autor do fato e ele vai ser processado. Eu conversei com vários juízes de execução penal do país inteiro e nenhum dos colegas se mostrou abalado. Não vamos nos intimidar por causa desse episódio. Ao contrário, vamos trabalhar ainda mais em homenagem ao nosso colega assassinado."
Castro Filho não acreditava que pudesse ser vítima de um atentado. "Não há riscos", afirmou.
Por ordem do governador Paulo Hartung (PSB), ele e o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos passaram a contar com escolta policial desde janeiro. "Nós praticamente não temos mais rotina. Estamos sempre com o apoio das polícias Civil, Militar e Federal. A nossa segurança está reforçada e não há riscos", disse.
Na entrevista, Castro Filho pediu penas maiores para presos ligados ao crime organizado. "Presos ligados a organizações criminosas deveriam ter o mesmo tratamento de presos por crimes hediondos ou até mais severo. Para presos de menor potencial, às vezes, ela [a Lei de Execuções Penais" é até dura demais. Mas para crimes de alto potencial, hediondos e organizados, ela deveria ser ainda mais severa."
Para o juiz, os políticos deveriam consultar os juízes de execução penal antes de elaborar as leis. "O grande problema é que quem faz as leis, deputados e senadores, às vezes não entende nada de execuções penais. (...) Pena alta não faz diminuir o crime. O bandido deixa de praticar o crime se ele tiver certeza de que vai ser preso."
Castro Filho também defendeu a construção de mais presídios no Espírito Santo. "O importante agora é construir mais cadeias para melhorar o caos que está o sistema penitenciário, com delegacias superlotadas. Policiais civis que deveriam estar investigando são obrigados a perder tempo tomando conta de presos."
O juiz defendeu também a adoção de mais penas alternativas.


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