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JUSTIÇA SOB AMEAÇA
Em entrevista, Alexandre Martins de Castro Filho pediu penas maiores para presos ligados ao crime organizado
"Não vamos nos intimidar", disse juiz
DA AGÊNCIA FOLHA
O juiz Alexandre Martins de
Castro Filho, assassinado ontem
de manhã, disse, em entrevista
publicada anteontem no jornal
capixaba "A Tribuna", que a morte do juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias, no dia 14, foi
"um fato isolado" e que não iria se
intimidar. "Eu acho que foi um fato isolado. Isso vai ter uma resposta à altura", afirmou o juiz.
"O Poder Executivo vai encontrar o autor do fato e ele vai ser
processado. Eu conversei com vários juízes de execução penal do
país inteiro e nenhum dos colegas
se mostrou abalado. Não vamos
nos intimidar por causa desse episódio. Ao contrário, vamos trabalhar ainda mais em homenagem
ao nosso colega assassinado."
Castro Filho não acreditava que
pudesse ser vítima de um atentado. "Não há riscos", afirmou.
Por ordem do governador Paulo Hartung (PSB), ele e o juiz Carlos Eduardo Ribeiro Lemos passaram a contar com escolta policial desde janeiro. "Nós praticamente não temos mais rotina. Estamos sempre com o apoio das
polícias Civil, Militar e Federal. A
nossa segurança está reforçada e
não há riscos", disse.
Na entrevista, Castro Filho pediu penas maiores para presos ligados ao crime organizado. "Presos ligados a organizações criminosas deveriam ter o mesmo tratamento de presos por crimes hediondos ou até mais severo. Para
presos de menor potencial, às vezes, ela [a Lei de Execuções Penais" é até dura demais. Mas para
crimes de alto potencial, hediondos e organizados, ela deveria ser
ainda mais severa."
Para o juiz, os políticos deveriam consultar os juízes de execução penal antes de elaborar as leis.
"O grande problema é que quem
faz as leis, deputados e senadores,
às vezes não entende nada de execuções penais. (...) Pena alta não
faz diminuir o crime. O bandido
deixa de praticar o crime se ele tiver certeza de que vai ser preso."
Castro Filho também defendeu
a construção de mais presídios no
Espírito Santo. "O importante
agora é construir mais cadeias para melhorar o caos que está o sistema penitenciário, com delegacias superlotadas. Policiais civis
que deveriam estar investigando
são obrigados a perder tempo tomando conta de presos."
O juiz defendeu também a adoção de mais penas alternativas.
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