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Presidente do STF
critica os Estados
por insegurança
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, disse que o
assassinato do juiz Alexandre
Martins de Castro Filho, do Espírito Santo, poderá intimidar os
magistrados e responsabilizou os
governos estaduais pelo aumento
da criminalidade no país.
O ministro enviou ofício aos 27
governadores pedindo providências imediatas para proteção de
autoridades sujeitas a riscos, promotores e juízes criminais, e combate ao crime organizado.
"Não podemos ser ingênuos.
Estamos sujeitos à emoção. Nós,
juízes, somos homens e, como
homens, tememos certas coisas
que estão se verificando e que não
deveriam acontecer." E completou: "Há tentativa de intimidação.
Receio que ela possa ocorrer".
Na carta a cada um dos governadores, disse que "a tentativa de
intimidação é flagrante". O texto
foi concluído com o seguinte apelo: "Na qualidade de chefe do Poder Judiciário nacional, requeiro a
Vossa Excelência as providências
próprias ao estágio vivido."
Em entrevista ontem à tarde,
Marco Aurélio isentou o governo
federal de parcela de culpa. "A
responsabilidade de início é dos
Estados." Ele lembrou que a obrigação de garantir o funcionamento regular do Judiciário é dos governos estaduais. "Esse funcionamento hoje está abalado."
A intimidação decorreria do assassinato de dois juízes de Execuções Penais em dez dias.
Já o presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro Nilson Naves, o risco de intimidação
não existe. Ele defendeu o uso das
Forças Armadas no combate ao
crime organizado, particularmente no Espírito Santo.
"A Justiça não está com medo.
Pelo contrário, isso irá aguçar
mais ainda o Poder Judiciário no
combate ao crime."
Naves também defendeu tratamento mais rigoroso a presidiários, com adoção de medidas como restrição a visitas. Protestou
contra medidas como aumento
das penas de prisão e inclusão da
pena de morte ou de prisão perpétua, dizendo que elas não ajudariam a resolver o problema.
Logo após o assassinato, ontem
de manhã, o presidente do TST
(Tribunal Superior do Trabalho),
ministro Francisco Fausto, disse
que os juízes deveriam ser mais rigorosos na concessão de habeas
corpus. "Antigamente ele servia
para garantir a cidadania, mas hoje serve para botar bandido na
rua", declarou.
O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil),
Paulo Sérgio Domingues, cobrou
providências do governo federal.
"O governo precisa informar que
medidas práticas está tomando
para garantir a segurança dos juízes. Apenas colocar seguranças
para escoltá-los não vai resolver o
problema, embora neste momento essa medida tenha se tornado
imprescindível."
Para o presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Cláudio Baldino Maciel, o
assassinato do juiz Castro Filho
"atenta contra a integridade e a legitimidade do Estado."
Em julho do ano passado, a entidade pediu ao Ministério da Justiça proteção policiais a três juízes
do Espírito Santo que haviam sido ameaçados de morte, entre os
quais Castro Filho.
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), Rubens Approbato, disse que "o país
assiste ao Poder Judiciário ser sistematicamente intimidado e a falência do Estado diante do crime
organizado". Ele defendeu mobilização nacional contra o crime. A
Associação Nacional dos Procuradores da República também pediu medidas "enérgicas" contra o
crime organizado.
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