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MORTE NA PF
Procurador pede perda de cargos dos envolvidos
8 policiais federais são acusados de omissão na tortura e morte de preso
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal do
Rio denunciou ontem à Justiça oito policiais federais, incluindo
dois delegados, sob a acusação de
omissão na tortura e morte do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, em setembro do
ano passado. Outro policial foi
denunciado por prevaricação.
Apesar de a denúncia afirmar
que Abreu sofreu tortura na sede
da Superintendência da PF do
Rio, na madrugada do dia 7 de setembro, nenhum policial é acusado de tê-lo torturado. O preso
morreu no dia seguinte, no hospital Souza Guiar (centro do Rio).
O Ministério Público denunciou também três agentes e um
funcionário administrativo por
suposto crime de tortura contra
Samuel Dias de Cerqueira, que foi
preso junto com Abreu e o irmão
Márcio Cerqueira Gomes. Os três
eram acusados do assassinato do
policial federal Gustavo Mayer
Moreira. A denúncia foi possível
porque Cerqueira reconheceu
seus supostos torturadores.
O procurador Paulo Fernando
Correia disse que não foi possível
denunciar ninguém por tortura a
Abreu porque Cerqueira e o irmão ficaram em celas separadas e
não viram o auxiliar de cozinha
ser espancado. Além disso, segundo ele, houve um "pacto macabro" entre os policiais envolvidos. "Todos sabem, todos viram,
mas se fecharam", declarou.
Correia espera que novas provas apareçam para que ele possa
denunciar os autores da tortura a
Abreu. O inquérito da PF que
apurou o fato também não indiciou ninguém por tortura ao auxiliar de cozinha, só a Cerqueira.
Ao todo, o Ministério Público
denunciou 13 policiais, alguns por
falsidade ideológica, que estavam
na Superintendência da PF no Rio
quando ocorreu o crime.
Além da denúncia criminal, o
Ministério Público entrou na Justiça com uma ação de improbidade administrativa pedindo a perda dos cargos dos envolvidos, a
suspensão de seus direitos políticos por até cinco anos e o pagamento de uma multa de cem vezes o salário que recebem na PF.
Encaminhou ainda um pedido
de liminar para que os denunciados sejam afastados da atividade
até o julgamento.
Procurado pela Folha, o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, afirmou que, na época,
realocou todos os envolvidos.
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