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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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MORTE NA PF

Procurador pede perda de cargos dos envolvidos

8 policiais federais são acusados de omissão na tortura e morte de preso

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público Federal do Rio denunciou ontem à Justiça oito policiais federais, incluindo dois delegados, sob a acusação de omissão na tortura e morte do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, em setembro do ano passado. Outro policial foi denunciado por prevaricação.
Apesar de a denúncia afirmar que Abreu sofreu tortura na sede da Superintendência da PF do Rio, na madrugada do dia 7 de setembro, nenhum policial é acusado de tê-lo torturado. O preso morreu no dia seguinte, no hospital Souza Guiar (centro do Rio).
O Ministério Público denunciou também três agentes e um funcionário administrativo por suposto crime de tortura contra Samuel Dias de Cerqueira, que foi preso junto com Abreu e o irmão Márcio Cerqueira Gomes. Os três eram acusados do assassinato do policial federal Gustavo Mayer Moreira. A denúncia foi possível porque Cerqueira reconheceu seus supostos torturadores.
O procurador Paulo Fernando Correia disse que não foi possível denunciar ninguém por tortura a Abreu porque Cerqueira e o irmão ficaram em celas separadas e não viram o auxiliar de cozinha ser espancado. Além disso, segundo ele, houve um "pacto macabro" entre os policiais envolvidos. "Todos sabem, todos viram, mas se fecharam", declarou.
Correia espera que novas provas apareçam para que ele possa denunciar os autores da tortura a Abreu. O inquérito da PF que apurou o fato também não indiciou ninguém por tortura ao auxiliar de cozinha, só a Cerqueira.
Ao todo, o Ministério Público denunciou 13 policiais, alguns por falsidade ideológica, que estavam na Superintendência da PF no Rio quando ocorreu o crime.
Além da denúncia criminal, o Ministério Público entrou na Justiça com uma ação de improbidade administrativa pedindo a perda dos cargos dos envolvidos, a suspensão de seus direitos políticos por até cinco anos e o pagamento de uma multa de cem vezes o salário que recebem na PF.
Encaminhou ainda um pedido de liminar para que os denunciados sejam afastados da atividade até o julgamento.
Procurado pela Folha, o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, afirmou que, na época, realocou todos os envolvidos.


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