São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

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SUCESSÃO

Se disputar o governo do Estado, Serra vai manter tucanos em cargos-chave da administração durante um ano

Kassab aceita ter "tutores" na prefeitura

FABIO SCHIVARTCHE
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), negociou com seu vice, Gilberto Kassab (PFL), a manutenção de pessoas de sua confiança no núcleo da administração caso lance mesmo a sua candidatura ao governo do Estado.
Serra está escolhendo "tutores" para áreas sensíveis da gestão. Eles ficariam no cargo pelo menos até o final deste ano na tentativa de evitar eventuais sobressaltos num período em que o tucano estaria disputando a eleição.
O prefeito ainda não admitiu publicamente a sua candidatura, mas o PSDB aguarda um anúncio oficial nos próximos dias.
Numa mudança interna estratégica, Serra pretende transferir o secretário de Serviços, Andrea Matarazzo, para a pasta da Coordenação das Subprefeituras, um dos principais focos de corrupção da cidade. O atual titular da secretaria, Walter Feldman, deixará a prefeitura para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.
Outra alteração esperada é a saída de Aloysio Nunes Ferreira, atual secretário de Governo, que também pretende se candidatar a deputado. No posto, Serra quer alguém de sua estrita confiança para garantir o andamento dos seus principais projetos iniciados. Quer ainda ser municiado de informações detalhadas da gestão.
Um dos nomes cotados é o do deputado federal Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB nacional e ex-líder do partido na Câmara dos Deputados. Goldman completa neste ano seu sexto mandato de parlamentar. Já disse à cúpula tucana que não está disposto a concorrer novamente nas eleições de outubro. Estaria, portanto, livre para assumir o cargo.
Nos bastidores, Kassab admite que Serra escolha o nome do novo titular de Governo, mesmo se tratando de um cargo diretamente ligado ao gabinete do prefeito e vital nas negociações políticas com os vereadores e outros partidos.
O pefelista tem dito a interlocutores que, mesmo no comando da cidade, pretende agir como uma espécie de co-piloto de Serra. Ele acredita que isso lhe daria credibilidade perante a opinião pública nos primeiros meses de gestão.
A manutenção da influência de Serra também ajudaria a aplacar o desgaste do tucano por conta da eventual quebra da promessa, feita na campanha de 2004, de ficar no cargo até o fim do mandato.
Segundo um assessor próximo ao prefeito, a relação entre Serra e Kassab seria pautada por uma "troca de gentilezas". O tucano não faria imposições ao pefelista. O vice-prefeito, por sua vez, sempre pediria sugestões a Serra.
Kassab começaria a impor mais seu estilo a partir do ano que vem, com o objetivo de fortalecer seu partido na cidade e, eventualmente, até se candidatar à reeleição.

Mudanças
O secretário de Participação e Parceria, Gilberto Natalini, deixará a prefeitura caso Serra se lance candidato ao governo do Estado. Vereador eleito pelo PSDB, Natalini quer ajudar a reorganizar a bancada tucana na Câmara Municipal, que está rachada desde o início do mandato de Serra.
O secretário da Educação, José Aristodemo Pinotti, ainda não definiu seu futuro. Aos colegas de prefeitura, diz que se sente bem no cargo e gostaria de continuar. Mas o PFL, seu partido, o pressiona para que se lance candidato à Câmara dos Deputados. Também nesse caso, Kassab pretende deixar a cargo de Serra a escolha do substituto, provavelmente alguém da própria secretaria.


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