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SUCESSÃO
Se disputar o governo do Estado, Serra vai manter tucanos em cargos-chave da administração durante um ano
Kassab aceita ter "tutores" na prefeitura
FABIO SCHIVARTCHE
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), negociou com seu
vice, Gilberto Kassab (PFL), a manutenção de pessoas de sua confiança no núcleo da administração caso lance mesmo a sua candidatura ao governo do Estado.
Serra está escolhendo "tutores"
para áreas sensíveis da gestão.
Eles ficariam no cargo pelo menos
até o final deste ano na tentativa
de evitar eventuais sobressaltos
num período em que o tucano estaria disputando a eleição.
O prefeito ainda não admitiu
publicamente a sua candidatura,
mas o PSDB aguarda um anúncio
oficial nos próximos dias.
Numa mudança interna estratégica, Serra pretende transferir o
secretário de Serviços, Andrea
Matarazzo, para a pasta da Coordenação das Subprefeituras, um
dos principais focos de corrupção
da cidade. O atual titular da secretaria, Walter Feldman, deixará a
prefeitura para concorrer a uma
vaga na Câmara dos Deputados.
Outra alteração esperada é a saída de Aloysio Nunes Ferreira,
atual secretário de Governo, que
também pretende se candidatar a
deputado. No posto, Serra quer
alguém de sua estrita confiança
para garantir o andamento dos
seus principais projetos iniciados.
Quer ainda ser municiado de informações detalhadas da gestão.
Um dos nomes cotados é o do
deputado federal Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB
nacional e ex-líder do partido na
Câmara dos Deputados. Goldman completa neste ano seu sexto
mandato de parlamentar. Já disse
à cúpula tucana que não está disposto a concorrer novamente nas
eleições de outubro. Estaria, portanto, livre para assumir o cargo.
Nos bastidores, Kassab admite
que Serra escolha o nome do novo
titular de Governo, mesmo se tratando de um cargo diretamente ligado ao gabinete do prefeito e vital nas negociações políticas com
os vereadores e outros partidos.
O pefelista tem dito a interlocutores que, mesmo no comando da
cidade, pretende agir como uma
espécie de co-piloto de Serra. Ele
acredita que isso lhe daria credibilidade perante a opinião pública
nos primeiros meses de gestão.
A manutenção da influência de
Serra também ajudaria a aplacar o
desgaste do tucano por conta da
eventual quebra da promessa, feita na campanha de 2004, de ficar
no cargo até o fim do mandato.
Segundo um assessor próximo
ao prefeito, a relação entre Serra e
Kassab seria pautada por uma
"troca de gentilezas". O tucano
não faria imposições ao pefelista.
O vice-prefeito, por sua vez, sempre pediria sugestões a Serra.
Kassab começaria a impor mais
seu estilo a partir do ano que vem,
com o objetivo de fortalecer seu
partido na cidade e, eventualmente, até se candidatar à reeleição.
Mudanças
O secretário de Participação e
Parceria, Gilberto Natalini, deixará a prefeitura caso Serra se lance
candidato ao governo do Estado.
Vereador eleito pelo PSDB, Natalini quer ajudar a reorganizar a
bancada tucana na Câmara Municipal, que está rachada desde o
início do mandato de Serra.
O secretário da Educação, José
Aristodemo Pinotti, ainda não
definiu seu futuro. Aos colegas de
prefeitura, diz que se sente bem
no cargo e gostaria de continuar.
Mas o PFL, seu partido, o pressiona para que se lance candidato à
Câmara dos Deputados. Também
nesse caso, Kassab pretende deixar a cargo de Serra a escolha do
substituto, provavelmente alguém da própria secretaria.
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