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Só 44% dos PMs têm colete à prova de balas, diz estudo
Nordeste tem menor percentual, 20%, segundo secretaria nacional de segurança
Carência atinge também armamentos e veículos; diagnóstico foi feito com base em dados fornecidos pelos governos estaduais
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento concluído
neste mês pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança
Pública) revela a falta de estrutura nos órgãos estaduais de segurança e os contrastes regionais relacionados ao tema. Um
exemplo: o número nacional de
coletes à prova de bala atende
apenas a 44% dos PMs.
No Nordeste, o número de
PMs com esse equipamento à
disposição cai para 20%, contra
67% no Sul e no Sudeste e 76%
no Norte. No Centro-Oeste, há
um colete para cada cinco PMs.
Os dados, dos governos estaduais e referentes a dezembro
de 2006, foram colhidos no ano
passado e tabulados neste mês
pela Senasp, ligada ao Ministério da Justiça.
A Folha teve acesso ao levantamento, que identificou
também a estrutura de armas e
de veículos. No Brasil, a média
é de 1,02 arma letal para cada
PM. Essa quantidade cresce no
Norte (2,16) e cai no Nordeste
(0,73). Sergipe (0,48) e Bahia
(0,57) aparecem no pé do ranking. Na outra ponta, está Mato
Grosso do Sul (2,34).
Para a Secretaria Especial
dos Direitos Humanos da Presidência, a violência policial
muitas vezes está ligada à essa
falta de equipamentos.
"Ele não vai esperar [para
agir], quando sabe que está sem
colete e com um [revólver calibre] 38 que pode falhar", afirma Isabel Figueiredo, diretora
nacional do Programa de Apoio
Institucional às Ouvidorias de
Polícia e Policiamento Comunitário, ligada à secretaria especial da Presidência.
Com base nos dados coletados com os governos estaduais,
a Senasp identificou que, apesar de timidamente, têm crescido os investimentos na estrutura. Em 2004, por exemplo,
havia 0,37 colete por policial
militar. Dois anos depois, passou a 0,44 (um avanço de 19%).
"Com esse diagnóstico, podemos identificar as carências
no momento de fazer os investimentos", diz Marcelo Durante, coordenador de pesquisas
da Senasp.
Não foi detectado, porém, sinal de avanço na relação de habitantes por profissional de segurança pública (policiais militares e civis e integrantes do
Corpo de Bombeiros).
No Brasil, há um profissional
para cada 320 pessoas. A
diferença entre as regiões
Norte (215) e Nordeste (380)
atinge 76%.
Essa média tem se mantido
estável desde 2003, quando havia um profissional para cada
312 habitantes. A seguir, registrou-se 320 (2004) e 297
(2005), incluindo até aqueles
profissionais que não atuam
nas atividades operacionais.
"O percentual hoje gasto
com folha de pagamento dentro da segurança pública é altíssimo, cerca de 82%. O que
sobra para investimento? Isso
é um quadro de esgotamento",
diz Durante.
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