São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Só 44% dos PMs têm colete à prova de balas, diz estudo

Nordeste tem menor percentual, 20%, segundo secretaria nacional de segurança

Carência atinge também armamentos e veículos; diagnóstico foi feito com base em dados fornecidos pelos governos estaduais

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento concluído neste mês pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) revela a falta de estrutura nos órgãos estaduais de segurança e os contrastes regionais relacionados ao tema. Um exemplo: o número nacional de coletes à prova de bala atende apenas a 44% dos PMs.
No Nordeste, o número de PMs com esse equipamento à disposição cai para 20%, contra 67% no Sul e no Sudeste e 76% no Norte. No Centro-Oeste, há um colete para cada cinco PMs.
Os dados, dos governos estaduais e referentes a dezembro de 2006, foram colhidos no ano passado e tabulados neste mês pela Senasp, ligada ao Ministério da Justiça.
A Folha teve acesso ao levantamento, que identificou também a estrutura de armas e de veículos. No Brasil, a média é de 1,02 arma letal para cada PM. Essa quantidade cresce no Norte (2,16) e cai no Nordeste (0,73). Sergipe (0,48) e Bahia (0,57) aparecem no pé do ranking. Na outra ponta, está Mato Grosso do Sul (2,34).
Para a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência, a violência policial muitas vezes está ligada à essa falta de equipamentos.
"Ele não vai esperar [para agir], quando sabe que está sem colete e com um [revólver calibre] 38 que pode falhar", afirma Isabel Figueiredo, diretora nacional do Programa de Apoio Institucional às Ouvidorias de Polícia e Policiamento Comunitário, ligada à secretaria especial da Presidência.
Com base nos dados coletados com os governos estaduais, a Senasp identificou que, apesar de timidamente, têm crescido os investimentos na estrutura. Em 2004, por exemplo, havia 0,37 colete por policial militar. Dois anos depois, passou a 0,44 (um avanço de 19%).
"Com esse diagnóstico, podemos identificar as carências no momento de fazer os investimentos", diz Marcelo Durante, coordenador de pesquisas da Senasp.
Não foi detectado, porém, sinal de avanço na relação de habitantes por profissional de segurança pública (policiais militares e civis e integrantes do Corpo de Bombeiros).
No Brasil, há um profissional para cada 320 pessoas. A diferença entre as regiões Norte (215) e Nordeste (380) atinge 76%.
Essa média tem se mantido estável desde 2003, quando havia um profissional para cada 312 habitantes. A seguir, registrou-se 320 (2004) e 297 (2005), incluindo até aqueles profissionais que não atuam nas atividades operacionais.
"O percentual hoje gasto com folha de pagamento dentro da segurança pública é altíssimo, cerca de 82%. O que sobra para investimento? Isso é um quadro de esgotamento", diz Durante.


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