São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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Defesa quer casal e mãe de Isabella frente a frente

Pedido de acareação foi feito pelo advogado do casal, que aposta em contradições

Juiz inicialmente negou o pedido, mas voltou atrás porque sua interpretação poderia ferir o "princípio de amplo direito à defesa"

Joel Silva/Folha Imagem
Crianças veem túmulo de Isabella Nardoni, que virou local de visitação

EDUARDO GERAQUE
TALITA BEDINELLI
AFONSO BENITES

DA REPORTAGEM LOCAL

O casal Anna Jatobá, 26, e Alexandre Nardoni, 31, deve ficar frente a frente hoje com Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, 5, morta em 2008 ao ser esganada e jogada pela janela.
O pedido de acareação foi feito pelo advogado do casal, que aposta nas contradições entre o depoimento do casal e o da mãe como uma saída para a defesa, que ainda não foi contundente em demonstrar falhas nas provas periciais do caso, como pretendia desde o início do júri, na segunda-feira.
No final da tarde de ontem, o advogado Roberto Podval, que defende o casal, afirmou que dispensaria o restante das testemunhas do caso, mas não Ana Carolina, que permanece à disposição da defesa desde segunda, quando depôs.
O juiz negou o pedido afirmando que acareações entre réus e testemunhas não podiam ser feitas, mas recuou. Antes de o juiz reconsiderar a decisão, houve uma discussão entre Podval e o promotor Francisco Cembranelli, que disse que Ana Carolina está deprimida e não tem se alimentado bem. O advogado disse que dispensou as testemunhas justamente para poupá-la.
Uma hora e meia depois, tempo que permaneceu no computador registrando a decisão nos autos, o juiz afirmou que tinha voltado atrás porque sua interpretação inicial foi equivocada e poderia ferir o "princípio de ampla defesa".
Ele disse que a mãe de Isabella não seria dispensada para que, caso o advogado quisesse, pudesse pedir a acareação hoje. A acareação deve ser feita para mostrar que Alexandre não era um pai ausente, como ela afirmou no depoimento, e que Jatobá não maltratava Isabella.

Provas
O primeiro depoimento de ontem foi o da perita Rosângela Monteiro, que chefiou os trabalhos técnicos na investigação da morte de Isabella. A defesa do casal Nardoni fez diversos questionamentos sobre possíveis falhas na perícia. Ela disse que a conclusão de que foi Alexandre quem jogou a menina pela janela não foi tomada por exclusão, mas por provas.
A principal delas, disse, é a camiseta usada por ele, que tinha marcas da tela de proteção da janela que só poderiam ser feitas se estivesse carregando um peso de pelo menos 25 kg. "Se a camiseta era de Alexandre, foi ele quem defenestrou".
Mas os advogados de defesa insistiram que vão derrubar essas provas no momento dos debates entre as partes, o que deve ocorrer hoje ou amanhã.
Advogado criminal que acompanha o julgamento por meio de amigos que estão no plenário, Antônio Gonçalves conclui: "Esse é um debate suigeneris no país. Normalmente, é emoção contra emoção. Aqui, foi emoção contra tecnologia."
Ontem, a segunda testemunha a ser ouvida foi o jornalista da Folha Rogério Pagnan. Reportagem do jornal assinada por ele, em 10 de abril de 2008, trazia entrevista do pedreiro Gabriel Santos Neto, que afirmava que a obra em que trabalhava, nos fundos do edifício London, de onde Isabella caiu, havia sido arrombada na noite do crime. O depoimento de Santos Neto foi dispensado, assim como outras sete testemunhas de defesa.


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