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Defesa quer casal e mãe de Isabella frente a frente
Pedido de acareação foi feito pelo advogado do casal, que aposta em contradições
Juiz inicialmente negou o pedido, mas voltou atrás porque sua interpretação poderia ferir o "princípio
de amplo direito à defesa"
Joel Silva/Folha Imagem
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Crianças veem túmulo de Isabella Nardoni, que virou local de visitação
EDUARDO GERAQUE
TALITA BEDINELLI
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
O casal Anna Jatobá, 26, e
Alexandre Nardoni, 31, deve ficar frente a frente hoje com
Ana Carolina de Oliveira, mãe
de Isabella Nardoni, 5, morta
em 2008 ao ser esganada e jogada pela janela.
O pedido de acareação foi feito pelo advogado do casal, que
aposta nas contradições entre o
depoimento do casal e o da mãe
como uma saída para a defesa,
que ainda não foi contundente
em demonstrar falhas nas provas periciais do caso, como pretendia desde o início do júri, na
segunda-feira.
No final da tarde de ontem, o
advogado Roberto Podval, que
defende o casal, afirmou que
dispensaria o restante das testemunhas do caso, mas não
Ana Carolina, que permanece à
disposição da defesa desde segunda, quando depôs.
O juiz negou o pedido afirmando que acareações entre
réus e testemunhas não podiam ser feitas, mas recuou.
Antes de o juiz reconsiderar a
decisão, houve uma discussão
entre Podval e o promotor
Francisco Cembranelli, que
disse que Ana Carolina está deprimida e não tem se alimentado bem. O advogado disse que
dispensou as testemunhas justamente para poupá-la.
Uma hora e meia depois,
tempo que permaneceu no
computador registrando a decisão nos autos, o juiz afirmou
que tinha voltado atrás porque
sua interpretação inicial foi
equivocada e poderia ferir o
"princípio de ampla defesa".
Ele disse que a mãe de Isabella não seria dispensada para
que, caso o advogado quisesse,
pudesse pedir a acareação hoje.
A acareação deve ser feita para
mostrar que Alexandre não era
um pai ausente, como ela afirmou no depoimento, e que Jatobá não maltratava Isabella.
Provas
O primeiro depoimento de
ontem foi o da perita Rosângela
Monteiro, que chefiou os trabalhos técnicos na investigação
da morte de Isabella. A defesa
do casal Nardoni fez diversos
questionamentos sobre possíveis falhas na perícia. Ela disse
que a conclusão de que foi Alexandre quem jogou a menina
pela janela não foi tomada por
exclusão, mas por provas.
A principal delas, disse, é a
camiseta usada por ele, que tinha marcas da tela de proteção
da janela que só poderiam ser
feitas se estivesse carregando
um peso de pelo menos 25 kg.
"Se a camiseta era de Alexandre, foi ele quem defenestrou".
Mas os advogados de defesa
insistiram que vão derrubar essas provas no momento dos debates entre as partes, o que deve ocorrer hoje ou amanhã.
Advogado criminal que
acompanha o julgamento por
meio de amigos que estão no
plenário, Antônio Gonçalves
conclui: "Esse é um debate suigeneris no país. Normalmente,
é emoção contra emoção. Aqui,
foi emoção contra tecnologia."
Ontem, a segunda testemunha a ser ouvida foi o jornalista
da Folha Rogério Pagnan. Reportagem do jornal assinada
por ele, em 10 de abril de 2008,
trazia entrevista do pedreiro
Gabriel Santos Neto, que afirmava que a obra em que trabalhava, nos fundos do edifício
London, de onde Isabella caiu,
havia sido arrombada na noite
do crime. O depoimento de
Santos Neto foi dispensado, assim como outras sete testemunhas de defesa.
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