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Traficante 'herdou' apelido
da Sucursal do Rio
Marcinho VP, preso ontem no
Rio, foi condenado a pelo menos
41 anos de prisão, por homicídio
doloso (com intenção) e tráfico de
drogas. Sua ficha criminal inclui
ainda mais três inquéritos e nove
mandados de prisão.
Mas Márcio Amaro não é o
Marcinho VP original. Este, Márcio Nepomuceno dos Santos, ex-comandante do tráfico no Complexo do Alemão, na zona norte
do Rio, era considerado muito
mais perigoso e está preso na penitenciária Bangu 1.
Mas Márcio Amaro acabou herdando o apelido, já que, no tráfico, VP, de vapor, significa pequeno comerciante de droga.
O Marcinho VP do morro Dona
Marta tornou-se conhecido do
grande público em 1996, quando
o cineasta norte-americano Spike
Lee negociou com ele a filmagem
de um videoclipe do cantor pop
Michael Jackson na favela.
Empolgado com a fama, o traficante afirmou, durante entrevista,
que não bebia nem fumava, mas
era viciado em matar. No mesmo
ano, ele foi preso, mas fugiu sem
completar um ano na prisão.
O primeiro contato entre o cineasta João Moreira Salles e Marcinho VP aconteceu em 1995,
quando o documentário "Notícias de uma Guerra Particular"
ainda era um projeto.
Salles, então na fase de pesquisa
para a produção do documentário, conversou com o traficante,
que se dizia disposto a contar a
sua história como chefe do tráfico
no Dona Marta.
Desde então, Marcinho VP e o
cineasta passaram a fazer contatos telefônicos e mantiveram o
que foi qualificado pelos dois como uma amizade. Salles afirma
que pagou R$ 1.200 ao traficante
por quatro meses em troca do trabalho de escrever um livro no
qual contaria a sua história.
Marcinho VP estava desaparecido desde sua fuga em 97 e, segundo Salles, no último contato
entre os dois, estava na Argentina.
A revelação da relação de Salles
com Marcinho VP, em fevereiro
deste ano, causou uma nova crise
na cúpula de segurança do Estado
do Rio. Salles está sendo investigado pelo Ministério Público e foi
indiciado em inquérito.
Pouco mais de um mês após a
revelação, Luiz Eduardo Soares
foi demitido da secretaria de Segurança Pública. O governador
Anthony Garotinho ligou a demissão diretamente a um suposto
acobertamento de Soares à relação entre Salles e Marcinho VP.
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