São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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VIOLÊNCIA

Em Itirapina, detentos do PCC matam líderes rivais

Quatro presos são decapitados em rebelião que durou 15 horas

CLÁUDIO LIZA JÚNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Em uma das rebeliões mais violentas deste ano no Estado, com 15 horas de duração, quatro presos foram decapitados com golpes de machado e tiveram os corpos queimados pelos próprios detentos na Penitenciária 2 de Itirapina (213 km de São Paulo).
Os crimes aconteceram entre a madrugada de anteontem e a manhã de ontem. Outros cinco presos ficaram feridos a golpes de estilete, mas passam bem segundo a direção do presídio. Esse foi o segundo motim na penitenciária em menos de 24 horas.
A rebelião teve início por volta das 17h de anteontem, quando presos do pavilhão 2, ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), invadiram o pavilhão 1 para matar líderes rivais, segundo a Folha apurou.
Os detentos estavam encarcerados em condições precárias, devido à rebelião do último domingo que destruiu parte do presídio. Por isso, eles teriam conseguido romper as grades das celas e invadir o pavilhão 1. Os presos mortos pertenciam ao pavilhão 3, mas estavam acomodados no pavilhão 1, devido às condições do presídio.
O tumulto só foi controlado por volta das 8h30 de ontem, depois da invasão do presídio por cerca de cem homens da Tropa de Choque da Polícia Militar.
A direção da Penitenciária 2 de Itirapina não confirmou a participação de líderes do PCC na rebelião. Segundo familiares dos presos, os detentos do pavilhão 3 estavam jurados de morte desde o último dia 18 de fevereiro, quando não aderiram à megarebelião comandada pelo PCC em todo o Estado. Nesse dia, 29 presídios foram dominados pela facção.
"Tínhamos isolado o pessoal do pavilhão 3 no pavilhão 1 e transferido os que estavam no 1 para o 2. Não podíamos prever que houvesse a invasão de um dos pavilhões", disse o diretor do presídio, José Antônio Aparecido Dias.
O primeiro detento a ser morto pelos membros do PCC foi o líder do pavilhão 3, Edson Luiz Ferreira, conhecido como Tim Maia.
Além de Tim Maia, também foram mortos Maurício Ricardo Kapp Marins Peixoto, o Bizu, Luciano Batista dos Santos e Washington Luís Antônio, todos ex-detentos do pavilhão 3.
Na tarde de ontem, 13 presos dos pavilhões 1 e 2 foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Hortolândia (20 km de Campinas). Segundo a direção do presídio, ao todo 50 detentos serão transferidos para penitenciárias do interior do Estado.

Desespero
O anúncio das mortes dos detentos causou desespero e revolta dos familiares, que passaram a madrugada em frente à penitenciária em busca de notícias.
A mulher de Luciano Batista dos Santos, Daniele dos Santos, desmaiou e foi levada para o hospital da cidade. "Conheço a mãe do Bizu e não tenho nem coragem de dizer para ela o que aconteceu. O Bizu era o que restava para ela", disse a dona-de-casa Natália de Oliveira Cláudio, 23.



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