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ASSISTÊNCIA SOCIAL
O médico Nelson Proença será nomeado hoje para a Secretaria da Assistência e do Desenvolvimento Social
Ex-vereador será o substituto de Ortega
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico e ex-vereador Nelson
Guimarães Proença, 68, é o novo
titular da Secretaria da Assistência e do Desenvolvimento Social
de São Paulo (Sads).
Ele será nomeado hoje, às 18h,
no Palácio dos Bandeirantes.
Proença, que vai substituir Edsom Ortega, é o terceiro titular da
secretaria desde a primeira gestão
de Mário Covas. A área social do
governo, que inclui a Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), é um dos pontos
considerados mais fracos da gestão tucana em São Paulo.
A Febem acaba de ser citada pela ONU (Organização das Nações
Unidas) como órgão que não respeita os direitos humanos.
Já os serviços de assistência social ainda não estão municipalizados na capital, diferentemente do
que acontece nas principais cidades do país.
Além de lidar com adolescentes
infratores, um problema complexo, a secretaria tem como interlocutor permanente um dos setores
mais organizados da sociedade:
instituições e conselhos de direitos que atuam na área da infância.
Esses ativistas fazem parte do
dia-a-dia da secretaria. São eles
que gerenciam a rede de 39 abrigos financiados pelo Estado.
A maioria dessas instituições e
conselhos é alinhada com o Partido dos Trabalhadores, da prefeita
Marta Suplicy.
O diálogo com esses grupos é
fundamental por dois motivos: o
início do processo de municipalização da rede de assistência na capital e a própria correlação de forças políticas, envolvendo o setor.
A Folha apurou que um dos
motivos da saída de Ortega do governo é justamente a dificuldade
que ele tinha de manter um diálogo com esse segmento.
"Espero (com a saída do Ortega) que o governo tenha compreendido o nível de organização
da sociedade civil e abra o diálogo", diz Joselito Lopes Martins,
representante da Pontifícia Universidade Católica no Conselho
Estadual dos Direitos da Criança e
do Adolescente.
Como Proença foi vereador pelo PPS em parte da sua última legislatura (1997 a 2000), a expectativa é que ele tenha bom trânsito
com a esquerda, nesse caso representada pelo terceiro setor.
Durante o primeiro mandato
(1993 a 1997), ele ficou filiado ao
PSDB, tendo sido, inclusive, líder
do partido na Câmara.
Proença, hoje sem filiação partidária, acabou se aproximando
(pelo menos teoricamente) dos
problemas da cidade ao coordenar o programa de governo de
Geraldo Alckmin na disputa pela
Prefeitura de São Paulo.
Evilásio Farias, secretário de Assistência Social do município, diz
que Proença foi um vereador
"com grandes serviços prestados"
à cidade e que é uma "esperança"
na área de assistência social.
Para o padre Júlio Lancellotti,
coordenador de três projetos sociais financiados pelo Estado, o
mais importante nesse momento
é dar voz às instituições que mantêm parcerias com o Estado.
"Temos que retomar o conceito
de parceria; as instituições não
podem mais ser vistas apenas como executoras de projetos mais
baratos", diz Lancellotti.
A vereadora Aldaíza Spozati
(PT), autora do Mapa da Exclusão
da cidade, afirma que Proença ficou mais conhecido pela sua atuação na área da saúde, e não da assistência social.
"Isso não atesta, de forma alguma, incompetência, mas significa
que ele desconhece questões particulares do setor", diz ela.
Flariston Francisco da Silva,
presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente,
disse estar "surpreso" com uma
indicação política justamente no
momento da municipalização,
quando serão necessários conhecimento técnico e experiência.
"Agora, como os dois (Farias e
Proença) são médicos, talvez isso
facilite o diálogo", diz Silva.
A promotora Suely Riviera, que
atua na Febem, ressalta que o
principal desafio do novo secretário é "costurar" a rede de assistência e melhorar o atendimento para carentes e infratores.
"Se o bom-senso voltar a prevalecer, já é um bom começo", diz
Wilson Roberto da Luz, do sindicato dos funcionários.
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