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Megaparque na Cantareira preocupa os moradores
Intenção é proteger área ambiental; mais de 2.000 pessoas vivem na região
"Se o objetivo é preservar, porque não fazer uma parceria com os moradores da área", diz proprietário, que teme degradação
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O megaparque criado por decreto nos arredores das represas do sistema Cantareira tem
causado pânico em mais de
2.000 pessoas que vivem nas
nova áreas de conservação.
Parte dos moradores (alguns
vivem no local há décadas),
além de defenderem suas propriedades, vai mais além. Para
eles, deixar a área sob administração pública é um risco para a
proteção do ambiente.
Ao todo, sete municípios serão afetados (veja quadro nesta
página). Quem estiver em área
ambiental, em um prazo de um
ano aproximadamente, será
desapropriado pelo Estado.
"Se o objetivo é preservar,
porque não fazer uma parceria
com os moradores da área", diz
Hilel Clare, produtor rural da
região de Nazaré Paulista. A
propriedade da família, que
existe há mais de 40 anos, produz eucaliptos hoje.
"Respeitamos o código florestal. Temos até mais de 20%
da área com mata nativa, como
manda a lei. Sabemos como são
as outras áreas de proteção administradas pelo Estado", diz.
A vida de Hilel e das outras
famílias será decidida em 12
meses, se o cronograma governamental for levado a risca.
A criação de quatro unidades
de conservação, que formam
área equivalente a 180 parques
do Ibirapuera, têm dois processos fundamentais em curso.
A criação dos planos de manejo, uma espécie de manual de
instruções dos parques, e os cálculos dos valores a serem pagos
aos proprietários. "É a grande
dúvida. Vamos receber o que é
realmente justo?", diz Clare.
O diretor do Instituto Florestal de SP, Rodrigo Victor, diz
que todo o levantamento sobre
desapropriações ainda será finalizado. E que existem recursos disponíveis para os despejos. "Mas não temos ainda qual
é o tamanho dessa área".
O administrador público explica que no processo de conclusão do decreto, inclusive, várias negociações foram feitas
com os moradores da área.
O governo, afirma Victor, teve uma preocupação especial
com Bom Jesus dos Perdões.
Pelo plano inicial, 56% do município iria virar parque. Este
número caiu para 31%, por causa das audiências públicas.
"Nós identificamos que naquela região havia pouca degradação ambiental. O convívio
dos proprietários com a floresta é bom", diz Victor.
Muitos sitiantes da região,
em vez de terem que deixar a
região, possuem agora suas
áreas em uma unidade de conservação menos restritiva. Eles
continuam com obrigações de
preservar a mata local.
Ao longo do processo de criação do megaparque, o governo
já encolheu a extensão das unidades ambientais. "No início,
havia 520 ocupações a serem
desapropriadas. Hoje, conforme saiu o decreto, são 349.
Pela lei, o tamanho do parque
ainda pode crescer ou diminuir
5%, dependendo das medidas
que ainda serão feitas pelo Estado. "Espero que pelo menos
metade do meu sítio fique", diz
Hilel. O que pode ocorrer, segundo o Estado, se as matas forem realmente beneficiadas.
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