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Plano abre espaço para polo turístico em Ilhabela
DA REPORTAGEM LOCAL
A reforma na estrada de Castelhanos vai permitir o fortalecimento do turismo em toda a
região da baía, mas abre caminho também para investimentos imobiliários e à degradação
do paraíso ecológico da ilha.
Com o acesso mais fácil -hoje o tempo de viagem chega a
duas horas sacolejando em jipes- será possível instalar hotéis e pousadas com apelo do
ecoturismo fora dos limites do
parque, diz o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PPS).
Há cerca de dez anos, empreendedores tentaram lotear
parte das áreas. Ruas foram
abertas, mas o projeto não caminhou. Agora, prevê Colucci,
nada impedirá a construção de
estruturas menos agressivas.
"Com a segurança na estrada,
vamos criar oportunidades novas para o turismo, mas aqui
não existe mais a explosão imobiliária desenfreada. Serão projetos autossustentáveis."
A melhora das condições da
estrada deve vir acompanhada
por investimentos públicos, para levar mais fiscalização e
acesso a serviços públicos em
Castelhanos -onde moram
cerca de 800 pessoas e o socorro médico chega de barco.
Essa é a opinião de Carlos
Nunes, do conselho gestor do
parque, que apresenta uma
proposta ainda mais polêmica.
Para ele, é possível permitir
pousadas e bangalôs mesmo
dentro do parque estadual.
"Se existe a proposta de cobrar a entrada, temos de criar
benefícios. E o parque só se sustentaria se fosse permitido instalar pequenas pousadas, nada
de grande porte. Queremos ser
uma nova Costa Rica", diz.
No local não existe telefone e
os celulares não funcionam.
Quando chove muito, crianças
não vão à escola porque não
conseguem atravessar os riachos. A própria professora depende de jipeiros.
O novo compromisso do governo de intervir em Castelhanos pode ser só mais uma promessa não cumprida, afirma o
jipeiro Josemar Santos Souza,
um usuário permanente da via.
"Concordo com o que falam,
que é preciso limitar o número
de pessoas, dar mais estrutura,
orientar melhor o turista. Lá é
arriscado, mesmo para quem
conhece", diz o jipeiro.
Hoje, ir para Castelhanos
com veículos leves é uma aventura. Se chover muito, não dá
para voltar pela estrada.
E por falta de fiscalização, a
fauna da areia sofre com motoristas e motoqueiros circulam
na praia.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO e ALENCAR IZIDORO)
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