São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2000


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GREVE DO FUNCIONALISMO
Servidores estaduais e sindicalistas esperam reunir 50 mil em frente ao Palácio dos Bandeirantes
CUT e governo tentam evitar novo conflito

CHICO DE GOIS
ESTANISLAU MARIA

DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Teto), Central de Movimentos Populares, servidores estaduais e estudantes pretendem reunir hoje 50 mil pessoas numa manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Ontem, lideranças do protesto e o comando da segurança pública do Estado discutiram estratégias para evitar um confronto como o que ocorreu na semana passada, na avenida Paulista, que resultou em 38 feridos.
O comando da tropa de choque da PM informou que seus soldados não irão acompanhar o protesto, como ocorreu na Paulista. O efetivo ficará à distância, nos batalhões e pontos estratégicos próximos da área. Só agirá a pedido do governador Mário Covas.
Sindicalistas se reuniram ontem, na sede da CUT-SP, para discutir estratégias de segurança. Foi decidido que parlamentares da oposição -PPS, PT, PDT, PSB e PC do B- ficarão na linha de frente dos manifestantes e em pontos próximos aos policiais.
As lideranças esperam que a presença de deputados e vereadores iniba gestos de violência da polícia. Decidiram também destacar pelo menos 20 integrantes de cada entidade para formar uma comissão de segurança (de, no mínimo, 200 pessoas).
Essa equipe de "seguranças" dará atenção especial aos estudantes e aos integrantes do MST, tidos como "grupos de risco" no protesto. O coordenador dos sem-terra Gilmar Mauro disse que a entidade vai evitar qualquer tipo de confusão para que "não culpem depois o movimento por causa da violência da polícia."
"Queremos evitar um novo confronto para que a opinião pública preste atenção nas nossas reivindicações e não no quebra-quebra", afirmou Célia Regina Costa, da executiva da CUT-SP e uma das organizadoras do ato.
Mais do que um movimento de reivindicação salarial, embora integrado em sua maioria por categorias que estão em greve ou discutem a paralisação, a manifestação de hoje, segundo definiu a dirigente da CUT, tem como objetivo "discutir o serviço público".
Parlamentares do PSDB e pessoas próximas ao governador Covas, no entanto, apontam uma motivação "político-partidária". Para o deputado estadual Edson Aparecido, presidente do diretório regional do PSDB, o movimento "é uma tentativa de desmoralização do partido".
Para justificar a tese, ele citou o ataque ao governador na semana passada, quando Covas foi atingido por uma bandeirada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a ovada que acertou o ministro da Saúde, José Serra, no rosto, no sábado, em Sorocaba.
O ato de hoje, apesar de estar marcado para acontecer em frente à sede do governo, terá a participação de entidades que não estão reivindicando melhores salários e, em alguns casos, nem têm ligação direta com o Estado.
É o caso, por exemplo, do sindicato dos condutores, com atuação municipal, ou o MST, cujas reivindicações são dirigidas ao governo federal. Sindicatos em nível federal, como dos servidores do Judiciário, autarquias e previdenciários, também estarão representados na manifestação de hoje, embora seus apelos sejam dirigidos a órgãos federais.
Célia Regina Costa afirmou que as entidades "terão uma participação solidária". Como argumento de que o ato não será contra o PSDB, ela afirmou que os servidores também fizeram greve e protestos no Rio Grande do Sul, cujo governador, Olívio Dutra, é do PT. Ela contestou a afirmação do deputado Edson Aparecido, dizendo que "não é uma questão de desestabilizar o governo, mas cobrar respostas".
À noite, lideranças do protesto pediram ao deputado Milton Flávio (PSDB), líder do governo na Assembléia Legislativa, que não haja repressão hoje e que o governador os receba no palácio.



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