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GREVE DO FUNCIONALISMO
Servidores estaduais e sindicalistas esperam reunir 50 mil em frente ao Palácio dos Bandeirantes
CUT e governo tentam evitar novo conflito
CHICO DE GOIS
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Teto), Central de Movimentos Populares, servidores estaduais e estudantes pretendem reunir
hoje 50 mil pessoas numa manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Ontem, lideranças do protesto e
o comando da segurança pública
do Estado discutiram estratégias
para evitar um confronto como o
que ocorreu na semana passada,
na avenida Paulista, que resultou
em 38 feridos.
O comando da tropa de choque
da PM informou que seus soldados não irão acompanhar o protesto, como ocorreu na Paulista.
O efetivo ficará à distância, nos
batalhões e pontos estratégicos
próximos da área. Só agirá a pedido do governador Mário Covas.
Sindicalistas se reuniram ontem, na sede da CUT-SP, para discutir estratégias de segurança. Foi
decidido que parlamentares da
oposição -PPS, PT, PDT, PSB e
PC do B- ficarão na linha de
frente dos manifestantes e em
pontos próximos aos policiais.
As lideranças esperam que a
presença de deputados e vereadores iniba gestos de violência da
polícia. Decidiram também destacar pelo menos 20 integrantes
de cada entidade para formar
uma comissão de segurança (de,
no mínimo, 200 pessoas).
Essa equipe de "seguranças" dará atenção especial aos estudantes
e aos integrantes do MST, tidos
como "grupos de risco" no protesto. O coordenador dos sem-terra Gilmar Mauro disse que a
entidade vai evitar qualquer tipo
de confusão para que "não culpem depois o movimento por
causa da violência da polícia."
"Queremos evitar um novo
confronto para que a opinião pública preste atenção nas nossas
reivindicações e não no quebra-quebra", afirmou Célia Regina
Costa, da executiva da CUT-SP e
uma das organizadoras do ato.
Mais do que um movimento de
reivindicação salarial, embora integrado em sua maioria por categorias que estão em greve ou discutem a paralisação, a manifestação de hoje, segundo definiu a dirigente da CUT, tem como objetivo "discutir o serviço público".
Parlamentares do PSDB e pessoas próximas ao governador Covas, no entanto, apontam uma
motivação "político-partidária".
Para o deputado estadual Edson
Aparecido, presidente do diretório regional do PSDB, o movimento "é uma tentativa de desmoralização do partido".
Para justificar a tese, ele citou o
ataque ao governador na semana
passada, quando Covas foi atingido por uma bandeirada em São
Bernardo do Campo, no ABC
paulista, e a ovada que acertou o
ministro da Saúde, José Serra, no
rosto, no sábado, em Sorocaba.
O ato de hoje, apesar de estar
marcado para acontecer em frente à sede do governo, terá a participação de entidades que não estão reivindicando melhores salários e, em alguns casos, nem têm
ligação direta com o Estado.
É o caso, por exemplo, do sindicato dos condutores, com atuação
municipal, ou o MST, cujas reivindicações são dirigidas ao governo federal. Sindicatos em nível
federal, como dos servidores do
Judiciário, autarquias e previdenciários, também estarão representados na manifestação de hoje,
embora seus apelos sejam dirigidos a órgãos federais.
Célia Regina Costa afirmou que
as entidades "terão uma participação solidária". Como argumento de que o ato não será contra o
PSDB, ela afirmou que os servidores também fizeram greve e protestos no Rio Grande do Sul, cujo
governador, Olívio Dutra, é do
PT. Ela contestou a afirmação do
deputado Edson Aparecido, dizendo que "não é uma questão de
desestabilizar o governo, mas cobrar respostas".
À noite, lideranças do protesto
pediram ao deputado Milton Flávio (PSDB), líder do governo na
Assembléia Legislativa, que não
haja repressão hoje e que o governador os receba no palácio.
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