|
Próximo Texto | Índice
MENOR INFRATOR
Desde o início do ano, já houve três fugas com mais de cem internos envolvidos; direção suspeita de funcionários
Febem tem média de três fugitivos por dia
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três internos fogem por dia das
unidades da Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) de São Paulo. A média em
2004 -de janeiro a 15 de maio-
é a maior nesse período desde
2000, segundo os dados disponíveis da fundação.
Dos últimos cinco anos, a Febem diz que só não tem contabilizado o total de fugitivos de 2002
-esse levantamento seria concluído só em 15 dias. Apesar do
aumento do número de fugitivos
na instituição -cerca de 50% são
recapturados, segundo a Febem-, o registro de episódios de
fuga caiu nos últimos anos.
A contradição tem um explicação: fugas em massa. As ocorrências diminuíram nas unidades, só
que o número de fugitivos por
episódio é cada vez maior.
A Febem afirma que as fugas em
massa -em 2004, três episódios
superaram os cem fugitivos- demonstram organização interna
dos jovens e indícios de conivência por parte de funcionários da
instituição. O Sintraemfa (sindicato dos funcionários) nega o envolvimento de agentes e culpa a
falta de estrutura nas unidades,
principalmente déficit de pessoal.
De 1º de janeiro até o último dia
15, ocorreram 22 episódios de fuga, totalizando 428 foragidos
-média de 19,5 internos por fuga. Em 2000, 487 conseguiram escapar de janeiro até o
final de maio, em 172 ocorrências
-média de 2,8 fugitivos por caso.
No final de março passado, 109
escaparam do complexo "Franquinho", em Franco da Rocha
(Grande SP). Dez dias depois,
mais 128 fugiram. No último dia
15, no complexo da Vila Maria
(zona norte de SP), 105 internos
avançaram sobre os agentes e saíram pelo portão da frente. Do lado de fora, em carros e uma moto,
homens armados davam cobertura.
Segundo a assessoria da Febem,
a investigação sobre os dois episódios em "Franquinho" revelou
"indícios fortes" de envolvimento
de funcionários -23 foram afastados-, mas a sindicância ainda
não foi concluída.
Nesse caso, a Febem também
admite fragilidade na estrutura da
unidade, mas afirma que uma reforma está em andamento.
O presidente da Febem, Marcos
Antônio Monteiro, informou, por
meio de sua assessoria, que a fuga
em massa na Vila Maria foi "atípica", por causa do apoio externo.
Mas ele também disse que o "cavalo doido" -quando internos se
organizam em grandes grupos
para fugir- realizado no mesmo
horário da chegada dos homens
armados mostra uma sincronia
que só é possível com informações passadas por funcionários
ou por familiares de internos.
Em todo o ano de 2003, foi registrada apenas uma ocorrência
com mais de cem fugitivos. Em
abril daquele ano, 121 internos escaparam da unidade 30 de Franco
da Rocha -já fechada.
Mas os números do ano passado já evidenciam a tendência de
registro de ocorrências com
maior número de fugitivos.
De janeiro a 15 de maio de 2003,
401 internos escaparam em 25
episódios -16 jovens por ocorrência. Era a maior média de foragidos por ocorrência até então,
superando inclusive os dados do
ano de 2000.
Próximo Texto: Outro lado: Secretário nega falha de estrutura e critica sindicato Índice
|