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RIO
Pai diz que teve de transportar cadáver do filho de 14 anos porque a polícia não subiria o morro; policiais vêem armação de traficante
Corpo é levado em carrinho de mercado
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A guerra do tráfico no Rio produziu ontem mais uma imagem
da barbárie. O menino Célio Reis
Timóteo, 14, foi assassinado com
tiros de fuzil no morro do Zinco
(zona central) e teve seu corpo levado em um carrinho de supermercado até o pé do morro, perto
da rua Frei Caneca.
No mês passado, na Rocinha
(zona sul), o corpo de um suposto
traficante morto em confronto
com a polícia foi carregado em
um carrinho de mão.
O pai de Célio, Alfredo Timóteo,
57, afirmou ontem que, em companhia de um outro filho, de oito
anos, teve de carregar o corpo
porque "sabia que a polícia não
iria ao local de madrugada" por se
tratar de área de risco. A Polícia
Civil suspeita, no entanto, que o
corpo tenha sido carregado por
traficantes do morro, que teriam
orientado Timóteo a contar outra
versão.
O assassinato do garoto aconteceu na madrugada de ontem e teria começado com uma briga de
família. Segundo relato de Timóteo, Célio e Edilson Siqueira, 30,
seu sobrinho, moravam com ele
na mesma casa e começaram a
discutir após o jantar de domingo. O pai afirma que Siqueira havia entrado para a organização
criminosa ADA (Amigo dos Amigos), chefiada no morro do Zinco
pelo traficante Irapuan David Lopes, o Gangan.
Timóteo, que trabalha como
vendedor de sucata e disse ter
mais três filhos, relata que Siqueira queria despejar sua família da
casa onde moram. Após nova discussão, Siqueira teria chamado
oito traficantes para assassinar
Célio. Segundo o pai da vítima, a
casa foi invadida, e o garoto foi
morto do lado de fora.
Ao relatar o caso à polícia, Timóteo foi aconselhado a não voltar para casa, pois poderia sofrer
represálias. Ele, porém, disse que
teve, por intermédio de um amigo, a garantia de Gangan de que
poderia buscar o corpo.
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