São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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Secretaria acusa grevistas de prática ilegal da medicina

DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que "acionará a polícia" para verificar possível "crime de exercício ilegal da medicina" por parte dos servidores que estão em greve desde o dia 10. Segundo a nota da secretaria, "funcionários não-capacitados estão realizando a triagem na porta das unidades, decidindo quem pode ou não receber atendimento". Entre esses funcionários estariam inclusive servidores administrativos e ascensoristas.
O Sindsaúde, que representa a categoria dos servidores do Estado na saúde, e o Sindicato dos Médicos reagiram negando a denúncia. Segundo o Sindsaúde, antes mesmo do início da paralisação, a população e a imprensa foram informados de que "os trabalhadores em greve permaneceriam em seus locais de trabalho para manter o atendimento aos internados e aos casos de urgência e emergências". "Isso é questão de responsabilidade dos trabalhadores", diz a nota.
Segundo o sindicato, ao ameaçar "acionar a polícia", o "governo recorre a um posicionamento muito utilizado durante o regime autoritário".
"O Estado está querendo jogar a população contra nós", disse o médico Otelo Chino Júnior, diretor do Sindicato dos Médicos e presidente da Associação dos Médicos do Hospital do Servidor Público Estadual. Segundo ele, agendamentos e informações são funções de funcionários não-médicos, mas a triagem médica "é sempre feita por médicos".
Chino disse que há quatro anos o governo se recusa a discutir salário com a categoria. "Só nos últimos 30 dias, fomos chamados três vezes ao Palácio dos Bandeirantes e nenhuma proposta foi feita."
O Cremesp, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, informou que, como em greves anteriores, foi informado pelo sindicato que a paralisação tinha sido decidida em assembléia e que "as urgências e emergências serão atendidas".
Clóvis Francisco Constantino, presidente do Cremesp, disse que a "triagem médica e a priorização dos casos devem ser feitas exclusivamente por médicos". "Até agora, não recebemos nenhuma denúncia de que essa prática vem sendo quebrada."
Na semana passada, o Ministério Público instaurou inquérito civil, requisitando informações da Secretaria da Saúde e do Sindsaúde sobre a greve. O Gaesp, Grupo de Atuação Especial da Saúde Pública e da Saúde do Consumidor, quer saber quais providências estão sendo tomadas para que os serviços de urgência e emergência não sejam interrompidos. As partes têm 20 dias para responder.
(AURELIANO BIANCARELLI)


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