São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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Medo de sentir dor faz mulher optar por cesárea

DA REPORTAGEM LOCAL

A socióloga Jessy Belfort de Oliveira, 28, sempre quis um parto natural, nada de cesárea. Mas também nada de dor, longas contrações, esperar dez centímetros de dilatação, dez horas de contração e sofrimento. "Essa coisa de ter filhos de cócoras, na banheira, estou fora", ela diz. O parto foi num dos hospitais campeões de cesárea no país. Quando o médico disse que havia pouco líquido na bolsa, ela concordou imediatamente com a cesárea.
O marido, o farmacêutico Vitor de Oliveira, 40, diz que a decisão cabe à mulher.
"Eu cresci ouvindo minhas avós falando das dores do parto, sem anestesia. Nunca quis isso para mim. Se tiver outro filho, vou escolher a forma que cause a menor dor possível." Jessy Belfort afirma que a maioria de suas amigas pensam como ela e disseram ter gostado muito do conforto oferecido pelo hospital, que inclui até mesmo um DVD que ilustra todos os momentos do parto.
A jornalista Débora da Costa Monteiro, 29, mora na região central da capital paulista e tem plano de saúde. Poderia escolher uma maternidade de primeira linha, mas preferiu a Casa de Parto de Sapopemba depois que uma das amigas teve o filho lá. Sapopemba fica a alguns quilômetros do hospital mais próximo.
"Meu parto foi longo e difícil. As contrações começaram às 6h15 do domingo e ele nasceu às 16h40 da segunda. A bolsa não estourou de uma vez, e tudo demorou muito. Mas o João nasceu tranqüilo, hoje só chora quando está com fome. Nasceu na hora que tinha de nascer." O marido, Gilberto Marques, fotógrafo, registrou cada momento. "Depois de mim, várias amigas de classe média tiveram seus filhos na casa de parto."
As gestantes são acompanhadas pelas Unidades de Saúde mais próximas e são informadas das duas formas de nascimento, a da maternidade e a da casa de partos. Visitam as duas e escolhem. Se optam pela casa, toda a família é convidada a assistir a um vídeo e a tirar suas dúvidas.
"Quando elas chegam à Casa de Maria -a casa de parto de Santa Marcelina-, estão acompanhadas de uma agente de saúde, são recebidas por voluntárias e orientadas por doulas, nome que se dá a mulheres treinadas para acompanhar as gestantes desde durante o parto a até o momento que a mãe se sente à vontade com o bebê. Em casas de parto de países escandinavos, as doulas são profissionais pagas, que acompanham as mães e fazem os serviços da casa até que ela se sinta à vontade e segura. (AB)


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