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Medo de sentir dor faz mulher optar por cesárea
DA REPORTAGEM LOCAL
A socióloga Jessy Belfort de Oliveira, 28, sempre quis um parto
natural, nada de cesárea. Mas
também nada de dor, longas contrações, esperar dez centímetros
de dilatação, dez horas de contração e sofrimento. "Essa coisa de
ter filhos de cócoras, na banheira,
estou fora", ela diz. O parto foi
num dos hospitais campeões de
cesárea no país. Quando o médico
disse que havia pouco líquido na
bolsa, ela concordou imediatamente com a cesárea.
O marido, o farmacêutico Vitor
de Oliveira, 40, diz que a decisão
cabe à mulher.
"Eu cresci ouvindo minhas avós
falando das dores do parto, sem
anestesia. Nunca quis isso para
mim. Se tiver outro filho, vou escolher a forma que cause a menor
dor possível." Jessy Belfort afirma
que a maioria de suas amigas pensam como ela e disseram ter gostado muito do conforto oferecido
pelo hospital, que inclui até mesmo um DVD que ilustra todos os
momentos do parto.
A jornalista Débora da Costa
Monteiro, 29, mora na região central da capital paulista e tem plano
de saúde. Poderia escolher uma
maternidade de primeira linha,
mas preferiu a Casa de Parto de
Sapopemba depois que uma das
amigas teve o filho lá. Sapopemba
fica a alguns quilômetros do hospital mais próximo.
"Meu parto foi longo e difícil. As
contrações começaram às 6h15 do
domingo e ele nasceu às 16h40 da
segunda. A bolsa não estourou de
uma vez, e tudo demorou muito.
Mas o João nasceu tranqüilo, hoje
só chora quando está com fome.
Nasceu na hora que tinha de nascer." O marido, Gilberto Marques, fotógrafo, registrou cada
momento. "Depois de mim, várias amigas de classe média tiveram seus filhos na casa de parto."
As gestantes são acompanhadas
pelas Unidades de Saúde mais
próximas e são informadas das
duas formas de nascimento, a da
maternidade e a da casa de partos.
Visitam as duas e escolhem. Se
optam pela casa, toda a família é
convidada a assistir a um vídeo e a
tirar suas dúvidas.
"Quando elas chegam à Casa de
Maria -a casa de parto de Santa
Marcelina-, estão acompanhadas de uma agente de saúde, são
recebidas por voluntárias e orientadas por doulas, nome que se dá
a mulheres treinadas para acompanhar as gestantes desde durante o parto a até o momento que a
mãe se sente à vontade com o bebê. Em casas de parto de países escandinavos, as doulas são profissionais pagas, que acompanham
as mães e fazem os serviços da casa até que ela se sinta à vontade e
segura.
(AB)
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