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SAÚDE
Pesquisa do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de SP ouviu 1.825 pessoas; 67% já têm plano de deixar o vício
Só 7% não querem parar de fumar, diz Incor
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa inédita realizada pelo
Incor (Instituto do Coração do
Hospital das Clínicas de São Paulo) mostra que só 7% dos fumantes paulistanos entrevistados não
querem parar de fumar. Em média, 67% dos entrevistados têm
plano de deixar o vício. Desses,
30% dizem que estão prontos para abandonar o cigarro logo.
O estudo envolveu 1.825 pessoas, que foram entrevistadas durante uma campanha antitabagista ocorrida no ano passado em 15
pontos da cidade de São Paulo
-shoppings, clubes e parques
públicos. Dos participantes da
pesquisa, 47% eram homens e
53%, mulheres.
Para a cardiologista Jaqueline
Issa, diretora do Programa de
Tratamento do Tabagismo do Incor e coordenadora da pesquisa, a
maioria das pessoas quer parar de
fumar, mas não encontra locais
de atendimento para auxiliá-los
nessa empreitada.
O Incor, por exemplo, que é um
centro de referência no tratamento de fumantes, tem uma fila de
espera de mais de seis meses. Na
Unifesp (Escola Paulista de Medicina), a espera supera um ano.
Issa diz que o maior problema é
o acesso à terapia -medicamento, adesivos e gomas de mascar-,
que custa em média R$ 150 por
mês. "O cara que fuma um maço
por dia gasta, em média, R$ 60
por mês", compara a médica.
A pesquisa mostra que, quanto
mais dependente for o fumante,
maior é a quantidade de cigarros
consumida diariamente e há mais
tempo ele quer largar o vício. Fumantes que consomem 31 cigarros ou mais por dia têm o vício há
26 anos, em média. Já os que consomem até dez cigarros diários
fumam há 14 anos, em média.
"Fumantes há menos tempo
têm maior facilidade para passar
intervalos sem cigarro. Já não é
assim com os mais velhos, que fumam há mais tempo", diz Issa.
Segundo o estudo, fumantes há
20 anos ou mais não abrem mão
do cigarro nem quando estão de
cama. Já os que fumam há menos
tempo deixam o cigarro de lado
quando adoecem, por exemplo.
O número de cigarros consumidos também tem relação com o
nível de monóxido de carbono expelido pelo fumante. Essa medida
indica quanto o fumante está intoxicado. De acordo com a pesquisa, fumantes de dez ou menos
cigarros por dia têm concentração de monóxido de carbono
igual a 14 ppm.
O nível sobe para 31 ppm nos
fumantes de 31 cigarros ou mais
por dia. Aqueles que apresentam
níveis entre 11 e 72 ppm são considerados fumantes crônicos.
"Quanto maior a concentração
de monóxido de carbono, maior o
mal-estar que o fumante sente",
declara Issa.
Campanha
Para marcar o Dia Mundial sem
Tabaco, o Incor, com apoio da
Pfizer, lança a campanha "Pare de
Fumar numa Boa", no próximo
dia 31, no Hospital das Clínicas de
São Paulo.
Durante quatro semanas, a
campanha passará por locais de
grande circulação da cidade, como o Masp (Museu de Arte de São
Paulo), o parque da Água Branca
e o próprio HC.
Em duas tendas, o público poderá perceber a diferença entre a
casa de fumantes e a de uma família livre do cigarro.
Um médico de plantão dará
orientações sobre como o tabagismo pode ser tratado.
Além de tirar dúvidas, os fumantes poderão também medir o
nível de monóxido de carbono.
Por meio de um questionário, eles
conhecerão ainda o seu grau de
dependência.
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