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Em duas semanas, cinco morrem à espera de vaga em UTI no Ceará
RODRIGO RÖTZSCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mais uma pessoa morreu anteontem enquanto aguardava
transferência para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no
Ceará. Em menos de um mês, cinco pessoas que estavam na fila para a UTI morreram no Estado.
A vítima mais recente, Teresa
Pedro dos Santos, 54, sofria de insuficiência renal, infecção respiratória e mal de Alzheimer e teve a
sua transferência para uma UTI
solicitada no sábado pelo Hospital Maternidade Paulo Sarasate,
em Caucaia (Grande Fortaleza),
onde morreu segunda à tarde. A
cidade de Caucaia não tem UTI.
O coordenador de políticas públicas de saúde da Prefeitura de
Fortaleza, Alexandre Mont'Alverne, disse que o caso não era passível de transferência para UTI.
"Tratava-se de um quadro avançado de Alzheimer que levou à inconsciência. Nesse caso, a UTI
não beneficiaria." Mont'Alverne
disse que, se houvesse a transferência, seria para o setor de diálise
do Hospital Geral de Fortaleza.
Desde 2003, o Ceará adota um
protocolo de regulação, inspirado
em recomendação da Sociedade
Americana de Terapia Intensiva,
em que são usados os critérios de
gravidade do quadro do paciente
e potencial de recuperação para
estabelecer a prioridade para a internação de pacientes em UTI.
São quatro níveis: indicações
absoluta, forte e fraca e ausência
de indicação. Teresa dos Santos
estava enquadrada na prioridade
mínima, segundo esses critérios.
Em abril o ministro da Saúde,
Humberto Costa, teve de voltar
atrás na proposta de adotar uma
regulação semelhante em nível
nacional. Costa pretendia restringir o acesso à UTI a pacientes com
reais chances de recuperação.
Nos dias 10 e 11, quatro pessoas
morreram enquanto aguardavam
internação nos hospitais Frotinha
da Parangaba e Frotinha de Massejana, em Fortaleza.
As mortes levaram o juiz da 6ª
Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, Washington Dias, a conceder liminar obrigando a prefeitura a internar pacientes que estejam na fila na Central de Leitos
em hospitais particulares. Fortaleza tem 493 leitos de UTI -320
públicos ou de hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de
Saúde) e 173 particulares.
Mont'Alverne considera a
quantidade de leitos em UTIs suficiente, apesar de, em média, de
dez a 12 pessoas ficarem diariamente na fila. O secretário informou que, no mês que vem, deverão ser criados 20 leitos, num investimento municipal de cerca de
R$ 1 milhão.
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