São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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Em duas semanas, cinco morrem à espera de vaga em UTI no Ceará

RODRIGO RÖTZSCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mais uma pessoa morreu anteontem enquanto aguardava transferência para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Ceará. Em menos de um mês, cinco pessoas que estavam na fila para a UTI morreram no Estado.
A vítima mais recente, Teresa Pedro dos Santos, 54, sofria de insuficiência renal, infecção respiratória e mal de Alzheimer e teve a sua transferência para uma UTI solicitada no sábado pelo Hospital Maternidade Paulo Sarasate, em Caucaia (Grande Fortaleza), onde morreu segunda à tarde. A cidade de Caucaia não tem UTI.
O coordenador de políticas públicas de saúde da Prefeitura de Fortaleza, Alexandre Mont'Alverne, disse que o caso não era passível de transferência para UTI. "Tratava-se de um quadro avançado de Alzheimer que levou à inconsciência. Nesse caso, a UTI não beneficiaria." Mont'Alverne disse que, se houvesse a transferência, seria para o setor de diálise do Hospital Geral de Fortaleza.
Desde 2003, o Ceará adota um protocolo de regulação, inspirado em recomendação da Sociedade Americana de Terapia Intensiva, em que são usados os critérios de gravidade do quadro do paciente e potencial de recuperação para estabelecer a prioridade para a internação de pacientes em UTI.
São quatro níveis: indicações absoluta, forte e fraca e ausência de indicação. Teresa dos Santos estava enquadrada na prioridade mínima, segundo esses critérios.
Em abril o ministro da Saúde, Humberto Costa, teve de voltar atrás na proposta de adotar uma regulação semelhante em nível nacional. Costa pretendia restringir o acesso à UTI a pacientes com reais chances de recuperação.
Nos dias 10 e 11, quatro pessoas morreram enquanto aguardavam internação nos hospitais Frotinha da Parangaba e Frotinha de Massejana, em Fortaleza.
As mortes levaram o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza, Washington Dias, a conceder liminar obrigando a prefeitura a internar pacientes que estejam na fila na Central de Leitos em hospitais particulares. Fortaleza tem 493 leitos de UTI -320 públicos ou de hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e 173 particulares.
Mont'Alverne considera a quantidade de leitos em UTIs suficiente, apesar de, em média, de dez a 12 pessoas ficarem diariamente na fila. O secretário informou que, no mês que vem, deverão ser criados 20 leitos, num investimento municipal de cerca de R$ 1 milhão.


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