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Agente de trânsito troca até pneu nas ruas
Funcionários da CET permitem que os motoristas tentem reparar veículos, ou fazem eles mesmos antes de rebocá-los
Remoção de caminhões são mais complicadas para os agentes; numa mesma manhã eles tiveram que retirar três veículos
DA REPORTAGEM LOCAL
Avenida dos Bandeirantes,
terça-feira, 7h. Três caminhões
quebrados ao mesmo tempo interrompem a pista, nos dois
sentidos, em um raio de menos
de um 500 metros, na altura do
viaduto Jabaquara.
Com um único guincho no
local para resolver as três ocorrências, a CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) só consegue liberar totalmente a avenida às 8h47. O estrago, porém,
já estava feito: 5 km de lentidão,
só dissipados após o meio-dia.
Dois dos caminhões possuíam problemas mecânicos
-um com uma mangueira furada e o outro, com a embreagem esgarçada. O terceiro, um
Mercedes com a pintura azul
carcomida, fabricado em 1964,
tinha um pneu furado que não
podia ser trocado pelo motorista, porque o macaco hidráulico
(peça original de 1964) já não
funcionava mais.
Não bastasse a escassez de
guinchos, há casos, como esse,
em que eles são mobilizados
sem necessidade, pelos motoristas ou pela própria CET.
Enviado ao local, o guincho
não pôde remover o Mercedes
1964, cujo chassi, muito enferrujado, certamente não suportaria o guinchamento.
Sobrou então para os agentes
da CET a tarefa de trocar o
pneu pelo estepe, completamente careca e de circunferência maior que a dos outros
pneus do caminhão.
Embora a prioridade da CET
seja remover o mais rápido possível veículos que bloqueiam o
trânsito, não são raros os casos
em que os agentes da companhia permitem que os motoristas tentem reparar os veículos
-ou o façam eles mesmos- antes de rebocá-los .
Na terça-feira, um ônibus
com problema de superaquecimento do motor interrompeu
uma faixa da avenida Paulista,
na altura da rua Joaquim Eugênio de Lima, das 6h20 às 7h35.
O guincho, chamado por um
agente da CET, levou 55 minutos para chegar. Mas não precisou agir: antes da remoção,
ocorreu ao operador sugerir ao
motorista que pusesse água no
motor. E o ônibus voltou subitamente a funcionar.
Acidentes e comunicação
Pequenos acidentes causados por imprudência dos motoristas são outra fonte de trabalho redobrado para a CET. Por
volta das 9h de terça-feira, uma
van se chocou com um motociclista que andava no corredor
entre os carros na marginal Pinheiros. Ele caiu, teve ferimentos leves e por pouco não foi
atropelado por um caminhão.
Para o resgate, que durou
cerca de uma hora, quatro carros da CET e uma ambulância
foram mobilizados. Duas das
três faixas foram bloqueadas,
gerando 7,5 km de lentidão.
Outro motivo de aumento do
tempo de interrupção das vias é
a dificuldade de informar ocorrências à CET, além da comunicação limitada entre a central
da companhia e os agentes.
Ao encontrar um ônibus quebrado na noite de quarta-feira
na rua Tabapuã (zona sul), a reportagem telefonou para o serviço 156, que centraliza as ocorrência ligadas à prefeitura.
Para comunicar a ocorrência,
foi necessário passar nove minutos ao telefone. Foi preciso
informar obrigatoriamente nome completo, RG, endereço e
telefone e esperar que um protocolo fosse gerado.
O telefonema foi encerrado
às 20h23, mas nenhum agente
da CET apareceu no local até as
21h30, quando o ônibus foi
consertado pela própria empresa. A menos de um quilômetro dali, a reportagem viu que
havia pelo menos dois agentes
-um em uma picape, outro em
uma moto- desocupados.
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