São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Agente de trânsito troca até pneu nas ruas

Funcionários da CET permitem que os motoristas tentem reparar veículos, ou fazem eles mesmos antes de rebocá-los

Remoção de caminhões são mais complicadas para os agentes; numa mesma manhã eles tiveram que retirar três veículos

DA REPORTAGEM LOCAL

Avenida dos Bandeirantes, terça-feira, 7h. Três caminhões quebrados ao mesmo tempo interrompem a pista, nos dois sentidos, em um raio de menos de um 500 metros, na altura do viaduto Jabaquara.
Com um único guincho no local para resolver as três ocorrências, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) só consegue liberar totalmente a avenida às 8h47. O estrago, porém, já estava feito: 5 km de lentidão, só dissipados após o meio-dia.
Dois dos caminhões possuíam problemas mecânicos -um com uma mangueira furada e o outro, com a embreagem esgarçada. O terceiro, um Mercedes com a pintura azul carcomida, fabricado em 1964, tinha um pneu furado que não podia ser trocado pelo motorista, porque o macaco hidráulico (peça original de 1964) já não funcionava mais.
Não bastasse a escassez de guinchos, há casos, como esse, em que eles são mobilizados sem necessidade, pelos motoristas ou pela própria CET.
Enviado ao local, o guincho não pôde remover o Mercedes 1964, cujo chassi, muito enferrujado, certamente não suportaria o guinchamento.
Sobrou então para os agentes da CET a tarefa de trocar o pneu pelo estepe, completamente careca e de circunferência maior que a dos outros pneus do caminhão.
Embora a prioridade da CET seja remover o mais rápido possível veículos que bloqueiam o trânsito, não são raros os casos em que os agentes da companhia permitem que os motoristas tentem reparar os veículos -ou o façam eles mesmos- antes de rebocá-los .
Na terça-feira, um ônibus com problema de superaquecimento do motor interrompeu uma faixa da avenida Paulista, na altura da rua Joaquim Eugênio de Lima, das 6h20 às 7h35. O guincho, chamado por um agente da CET, levou 55 minutos para chegar. Mas não precisou agir: antes da remoção, ocorreu ao operador sugerir ao motorista que pusesse água no motor. E o ônibus voltou subitamente a funcionar.

Acidentes e comunicação
Pequenos acidentes causados por imprudência dos motoristas são outra fonte de trabalho redobrado para a CET. Por volta das 9h de terça-feira, uma van se chocou com um motociclista que andava no corredor entre os carros na marginal Pinheiros. Ele caiu, teve ferimentos leves e por pouco não foi atropelado por um caminhão.
Para o resgate, que durou cerca de uma hora, quatro carros da CET e uma ambulância foram mobilizados. Duas das três faixas foram bloqueadas, gerando 7,5 km de lentidão.
Outro motivo de aumento do tempo de interrupção das vias é a dificuldade de informar ocorrências à CET, além da comunicação limitada entre a central da companhia e os agentes.
Ao encontrar um ônibus quebrado na noite de quarta-feira na rua Tabapuã (zona sul), a reportagem telefonou para o serviço 156, que centraliza as ocorrência ligadas à prefeitura.
Para comunicar a ocorrência, foi necessário passar nove minutos ao telefone. Foi preciso informar obrigatoriamente nome completo, RG, endereço e telefone e esperar que um protocolo fosse gerado.
O telefonema foi encerrado às 20h23, mas nenhum agente da CET apareceu no local até as 21h30, quando o ônibus foi consertado pela própria empresa. A menos de um quilômetro dali, a reportagem viu que havia pelo menos dois agentes -um em uma picape, outro em uma moto- desocupados.


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