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SAÚDE / TERCEIRA IDADE
Idosos utilizam jogos para tentar manter mente ativa
Produtos oferecem "treinamento cerebral" com intuito de melhorar memória
Na opinião de neurologista, há benefícios, mas melhora
na atenção e na memória fica restrita à atividade
proposta no jogo
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Manter a cabeça ativa é uma
estratégia para evitar a perda
de memória em idosos e minimizar ou adiar o aparecimento
de demências. Apostando nisso, empresas de eletrônicos
têm colocado no mercado jogos
on-line ou de videogame voltados a esse público.
Atividades que antes eram
feitas apenas no papel, como
cruzadinhas, sudoku e variados
exercícios para treinar a mente
agora podem ser feitos em aparelhos eletrônicos.
Diversas pesquisas foram
realizadas para comprovar os
benefícios dos jogos. Muitas
delas, com patrocínio das próprias empresas fabricantes. Porém, médicos ligados à saúde
dos idosos ouvidos pela Folha
questionaram até que ponto os
produtos podem melhorar o
funcionamento cognitivo.
Eles defendem que os jogos e
outras atividades ajudam a preservar a mente, mas que os benefícios são restritos.
Produtos
Uma das empresas a perceber o filão foi a Nintendo, que
lançou jogos como o Brain Age.
Nele, o usuário pode acompanhar uma partitura, identificando as notas, fazer o troco de
valores em dinheiro, escrever
as palavras que escuta e memorizar uma ordem de números
para depois lembrá-la.
Conforme o desempenho, o
jogo diz se o cérebro do usuário
está em forma ou não.
Depois dele, a linha "brain
gym" (ginástica cerebral) ganhou concorrentes, como o
MindFit e o Brain Fitness Program. Este último, vendido nos
EUA, tem como slogan "seus
netos irão lhe agradecer". Já o
MindFit foi tema de uma pesquisa recente sobre jogos.
Divulgada em 2007 por pesquisadores em Israel, ela mostrou que os usuários do MindFit e de videogames clássicos tiveram melhoras na memória
especial de curto prazo e na
atenção. O estudo foi patrocinado pela fabricante CogniFit e
envolveu 121 voluntários.
Mas foi outra pesquisa, divulgada em 2006, que chamou em
especial a atenção dos médicos.
Comandada por institutos de
saúde do governo americano, o
estudo avaliou 2.832 pessoas e
constatou que os que receberam treinamento de raciocínio,
treino de velocidade ou memória tiveram desempenhos melhores em exercícios que um
grupo controle -que não recebeu treinamento. Eles foram
melhores até cinco anos depois.
Os resultados vão no mesmo
sentido do que diz Carlos Paixão, da Sociedade de Geriatria
do Rio de Janeiro. Para ele, jogos e outras atividades "podem
melhorar a memória nessas
pessoas que têm transtornos
cognitivos que não são considerados demência".
Porém, segundo ele, não há
nenhum trabalho realmente
sério até hoje que mostre que a
estimulação cognitiva previna
o aparecimento de demências.
Sonia Brucki, médica da Academia Brasileira de Neurologia, também diz que jogos eletrônicos têm a mesma propriedade que outras atividades por
manterem a mente da pessoa
ativa de alguma forma.
"A atividade pode ajudar aumentando as sinapses entre os
neurônios. Ajuda a evitar a perda de memória e algumas doenças degenerativas e pode postergar o aparecimento de outras. Mas não pode ser em excesso. E se o paciente tiver que
ter uma doença como o Alzheimer, vai ter de qualquer jeito."
Sonia diz que, treinando com
jogos, o usuário pode ficar mais
veloz em perceber um estímulo
visual na tela, mas isso não quer
dizer que ficará mais rápido em
outras atividades do cotidiano.
"Quem garante que vai deixar o reflexo mais rápido no
carro. É muito mais interessante tentar lembrar uma notícia
do que ficar lendo um computador", afirma. Entre as atividades recomendadas pela médica
estão palavra-cruzada, sudoku
e jogo da memória.
On-line
Além do videogame, a internet é também terreno vasto para proliferação desse tipo de jogos, a maioria voltados ao público em geral. Um deles, o
www.brainbuilder.com promete resultados em poucos
meses. Há também sites em
português com jogos de raciocínio, sem a promessa de melhorar a memória, entre eles o
http://rachacuca.com.br/.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem
Local
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