|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Modelo posa com roupas de prostitutas da Augusta
A top Fernanda Motta fez ensaio com trajes de lojas da chamada baixa Augusta
A reportagem passou uma tarde na Ropahrara Moda Exótica, que abriu as portas há dez anos para vender roupas para prostitutas
RICARDO OLIVEROS
MAELI PRADO
DA REVISTA DA FOLHA
A top Fernanda Motta, 27,
não titubeou diante do convite
para um ensaio diferente: posar
com roupas das lojas da rua Augusta que fazem sucesso entre
uma clientela formada por dançarinas, garotas de programa,
travestis e mulheres que querem seduzir com uma produção ultra-sexy. Nas imagens, a
modelo prova que dá para ser
sexy e chique ao mesmo tempo.
Como nem sempre o "hábito
faz o monge", as roupas transparentes, curtíssimas e decotadas ganharam outra personalidade sobre a pele da top. Uma
prova de que a maquiagem correta, a postura, a luz e o cenário
elegantes podem apagar qualquer vestígio de vulgaridade.
Fernanda ainda mostra que
sabe ser divertida. Enquanto
fala da carreira, dá conselhos
para as "new faces" e banca a
sexóloga de plantão. Ela tem
dez anos de carreira. É uma das
20 modelos mais sexies do
mundo, de acordo com o ranking do site Models.com.
Casada e morando em Nova
York, fez um rasante pelo Brasil para fotografar uma campanha, logo após ter posado para o
catálogo da linha praia da Victoria Secret's.
Quando você está confortável consigo mesma, significa
que vai saber se mover melhor,
saber o que lhe agrada", afirma
Fernanda.
"O corpo pode até funcionar
como uma vitrine, mas é a cabeça que define tudo!"
No final do ensaio fotográfico, ela aponta entre as peças da
Abusada e da Ropahrara qual
delas entraria em seu próprio
guarda-roupa. "Usaria o corpete metalizado numa produção
mais casual, com calças jeans,
por exemplo." Uma escolha de
uma mulher que sabe ser sexy
na medida certa.
Baixa Augusta
Fernanda Motta nunca fez
compras na chamada baixa Augusta, o trecho em direção ao
centro onde floresce o comércio de roupas sexies. Já Margot
de Coberville, 47, é habitué das
vitrines de lojas como Ropahrara, Abusada e For Night. Ela
pára no número 716, onde está
localizada a Ropahrara Moda
Exótica, entra no provador e
observa sua imagem refletida.
O vestido preto e curto, com
uma fenda na frente, mostra
coxas, abdome e boa parte dos
seios.
Ela não tem dúvidas: manda
embrulhar a produção, paga R$
90 e sai feliz pela rua Augusta.
Transexual desde os 18 anos,
Margot faz parte de uma clientela fiel da loja, que inclui garotas de programa, "cross-dressers" (homens que se vestem de
mulher, mas que não necessariamente são gays) e mulheres
casadas que querem apimentar
o relacionamento usando peças
mais sexies.
A Ropahrara é pioneira no
segmento. Abriu as portas há
dez anos para comercializar
roupas para prostitutas. "A intenção era vender para garotas
de programa, e acabei vendendo para mulheres casadas, meu
principal público hoje. Temos
clientes de 16 a 80 anos", conta
a dona do negócio, Lúcia Helena da Silva, mineira de Andrelândia, que aprendeu sozinha a
desenhar roupas e lingeries
eróticas.
Para manter o antigo público-alvo, o negócio fica aberto
até um pouco mais tarde, às
21h. No horário comercial,
tops, microshorts e vestidos superdecotados passaram a chamar a atenção também de produtores de revistas masculinas
badaladas. Dançarinas e apresentadoras como a Mulher Melancia e Sabrina Sato, do "Pânico", são clientes dos modelitos
sensuais.
A reportagem passou uma
tarde na Ropahrara. A loja é pequena, e expõe logo na entrada
araras cheias de vestidos estampados e decotados (em média R$ 160). Ao lado, plumas em
um suporte. Na outra parede,
maiôs vermelhos de lantejoula
(R$ 150 a R$ 220) dividem espaço com outros de material
sintético.
Não faltam os tops estampados de oncinha, os mais vendidos, e outros à la Madonna,
cheios de correntes. São mercadorias que chamam a atenção
de duas amigas que entram na
Ropahrara no início da tarde.
"Uso mais para mim. Meu
marido não chega a julgar, mas
a empolgação dele é zero", diz
P., 41, atendente de telemarketing. "Ele dá risada, não se excita", conta C., 27, acompanhada
pelos dois filhos, se referindo
ao marido com quem está casada há nove anos.
Texto Anterior: Moema: Proprietário de restaurante é assassinado Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: A indústria de talentos Índice
|