São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Modelo posa com roupas de prostitutas da Augusta

A top Fernanda Motta fez ensaio com trajes de lojas da chamada baixa Augusta

A reportagem passou uma tarde na Ropahrara Moda Exótica, que abriu as portas há dez anos para vender roupas para prostitutas

RICARDO OLIVEROS
MAELI PRADO
DA REVISTA DA FOLHA

A top Fernanda Motta, 27, não titubeou diante do convite para um ensaio diferente: posar com roupas das lojas da rua Augusta que fazem sucesso entre uma clientela formada por dançarinas, garotas de programa, travestis e mulheres que querem seduzir com uma produção ultra-sexy. Nas imagens, a modelo prova que dá para ser sexy e chique ao mesmo tempo.
Como nem sempre o "hábito faz o monge", as roupas transparentes, curtíssimas e decotadas ganharam outra personalidade sobre a pele da top. Uma prova de que a maquiagem correta, a postura, a luz e o cenário elegantes podem apagar qualquer vestígio de vulgaridade.
Fernanda ainda mostra que sabe ser divertida. Enquanto fala da carreira, dá conselhos para as "new faces" e banca a sexóloga de plantão. Ela tem dez anos de carreira. É uma das 20 modelos mais sexies do mundo, de acordo com o ranking do site Models.com.
Casada e morando em Nova York, fez um rasante pelo Brasil para fotografar uma campanha, logo após ter posado para o catálogo da linha praia da Victoria Secret's.
Quando você está confortável consigo mesma, significa que vai saber se mover melhor, saber o que lhe agrada", afirma Fernanda.
"O corpo pode até funcionar como uma vitrine, mas é a cabeça que define tudo!"
No final do ensaio fotográfico, ela aponta entre as peças da Abusada e da Ropahrara qual delas entraria em seu próprio guarda-roupa. "Usaria o corpete metalizado numa produção mais casual, com calças jeans, por exemplo." Uma escolha de uma mulher que sabe ser sexy na medida certa.

Baixa Augusta
Fernanda Motta nunca fez compras na chamada baixa Augusta, o trecho em direção ao centro onde floresce o comércio de roupas sexies. Já Margot de Coberville, 47, é habitué das vitrines de lojas como Ropahrara, Abusada e For Night. Ela pára no número 716, onde está localizada a Ropahrara Moda Exótica, entra no provador e observa sua imagem refletida. O vestido preto e curto, com uma fenda na frente, mostra coxas, abdome e boa parte dos seios.
Ela não tem dúvidas: manda embrulhar a produção, paga R$ 90 e sai feliz pela rua Augusta. Transexual desde os 18 anos, Margot faz parte de uma clientela fiel da loja, que inclui garotas de programa, "cross-dressers" (homens que se vestem de mulher, mas que não necessariamente são gays) e mulheres casadas que querem apimentar o relacionamento usando peças mais sexies.
A Ropahrara é pioneira no segmento. Abriu as portas há dez anos para comercializar roupas para prostitutas. "A intenção era vender para garotas de programa, e acabei vendendo para mulheres casadas, meu principal público hoje. Temos clientes de 16 a 80 anos", conta a dona do negócio, Lúcia Helena da Silva, mineira de Andrelândia, que aprendeu sozinha a desenhar roupas e lingeries eróticas.
Para manter o antigo público-alvo, o negócio fica aberto até um pouco mais tarde, às 21h. No horário comercial, tops, microshorts e vestidos superdecotados passaram a chamar a atenção também de produtores de revistas masculinas badaladas. Dançarinas e apresentadoras como a Mulher Melancia e Sabrina Sato, do "Pânico", são clientes dos modelitos sensuais.
A reportagem passou uma tarde na Ropahrara. A loja é pequena, e expõe logo na entrada araras cheias de vestidos estampados e decotados (em média R$ 160). Ao lado, plumas em um suporte. Na outra parede, maiôs vermelhos de lantejoula (R$ 150 a R$ 220) dividem espaço com outros de material sintético.
Não faltam os tops estampados de oncinha, os mais vendidos, e outros à la Madonna, cheios de correntes. São mercadorias que chamam a atenção de duas amigas que entram na Ropahrara no início da tarde.
"Uso mais para mim. Meu marido não chega a julgar, mas a empolgação dele é zero", diz P., 41, atendente de telemarketing. "Ele dá risada, não se excita", conta C., 27, acompanhada pelos dois filhos, se referindo ao marido com quem está casada há nove anos.


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