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Copacabana concentra mais idosos no Rio
DA REPORTAGEM LOCAL
Morar sozinho na terceira idade
é para muitos sinônimo de depressão, já que nem sempre isso
acontece por opção. Para Edilte
de Freitas Ferreira, 79, esse é um
dos motivos de sua felicidade. Ela
conta que já recusou várias ofertas para morar com um de seus
sete filhos.
"Eles queriam que eu escolhesse
um deles para morar junto. Só
que eu gosto de ficar sozinha, de
poder ver televisão sem que ninguém queira mudar o canal", diz.
Outro fator que ajudou Edilte a
tomar essa decisão é o bairro onde mora: Copacabana, na zona sul
do Rio de Janeiro. "Aqui eu tenho
minhas amigas, posso passear no
calçadão da praia e bater papo
com elas", diz.
Segundo o IBGE, Copacabana é
o bairro do Rio com maior concentração de pessoas com 65 anos
ou mais. Eles são quase 20% da
população do bairro. A média do
Rio de Janeiro era, em 1996, data
da última contagem populacional, 8,3%. A favela da Rocinha
apresentava apenas 2,4% de sua
população nessa faixa etária.
Os dados do IBGE ficam mais
evidentes quando se passeia de
manhã pelo calçadão de Copacabana, ponto de encontro de Edilte
e suas amigas. Lá, elas decidem os
programas que farão mais tarde.
Um dos preferidos de Edilte é ir
a bailes da terceira idade. "Queria
que houvesse mais bailes desse tipo em Copacabana. Sempre que
há um baile, pego um ônibus com
minhas amigas e vou me divertir", afirma.
O fato de morar sozinha causa
muita preocupação para os filhos
de Edilte. "Todo dia, um deles
combina de me ligar para saber se
estou bem e se preciso de alguma
ajuda", afirma.
Ela conta que, certa vez, esqueceu de avisar aos filhos que iria ver
uma amiga. Quando chegou em
casa, encontrou uma de suas filhas, apavorada, com um chaveiro arrombando a porta de seu
apartamento.
"Acharam que eu tinha morrido. O pior é que a minha filha ainda gastou R$ 66 para abrir a fechadura lá de casa", lembra, com
bom humor, Edilte.
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