São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Invasão no AM foi "fascista", diz Tarso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O ministro da Educação, Tarso Genro, considerou "fascista, antidemocrática e semelhante à atuação de grupos paramilitares de direita" a atitude de cerca de 500 estudantes que, anteontem, invadiram em Manaus a primeira reunião regional do ministério para discutir a reforma universitária. Houve tumulto e empurra-empurra, levando o MEC a adiar a audiência por seis horas e mudar o local do evento.
Tarso disse que enviará dois ofícios, sendo um ao Andes (sindicato dos professores de instituições de ensino superior), porque docentes ligados à entidade teriam participado do ato. O outro vai para a Andifes (associação dos reitores das federais), pois o reitor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Hidemberque Ordozgoith da Frota, teria adotado uma atitude "contemplativa, sem colaborar de maneira adequada na negociação com os alunos".
"Foi uma agressão semelhante a grupos paramilitares na época do regime militar, que invadiam reuniões e impediam que elas acontecessem. Um movimento com atitude antidemocrática e de corte fascista, agredindo verbalmente lideranças democráticas", disse.
O reitor Frota negou que tenha sido contemplativo com o protesto. "Colaborei inclusive para que não houvesse um incidente entre a polícia, que foi chamada [pela organização], e os estudantes."
Tarso não participou da audiência porque esteve no velório do ex-governador Leonel Brizola. Estavam no local secretários e representantes do MEC. Havia 261 inscritos para participar da audiência, entre eles 75 representantes dos estudantes.
"Não estou fazendo declarações contra o direito de manifestação, que é normal. O que não podemos tolerar é o cerceamento do debate", disse o ministro.
Para o reitor Frota, o protesto é resultado da metodologia usada pela assessoria do ministério, que exigiu senhas para que as pessoas participassem da reunião. "A audiência era pública, e a universidade tem um histórico democrático de as pessoas participarem sempre de todos os debates."
Ele afirmou ainda que há dois meses a Ufam organizou um debate com a participação de 600 pessoas em torno das discussões sobre a reforma universitária, resultando em um documento encaminhado à Andifes.
Segundo o Diretório Central dos Estudantes, que organizou o protesto contra a reforma universitária, 500 senhas foram distribuídas para representantes das universidades da região Norte.
A Ufam recebeu apenas 15 senhas, disse um dos integrantes do DCE, Carlos Leal, deixando professores, alunos e técnicos da administração de fora das discussões. "Não agimos de forma violenta, foi um protesto para colocar a posição dos estudantes em relação à reforma, e não estávamos armados. Paramilitar anda armado, seu ministro."
A próxima audiência ocorrerá em Porto Alegre, em 30 de julho.


Texto Anterior: Educação: Universidades esperam nova proposta
Próximo Texto: Justiça: McDonald's deverá ter dados em embalagens
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.