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Invasão no AM foi "fascista", diz Tarso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O ministro da Educação, Tarso
Genro, considerou "fascista, antidemocrática e semelhante à atuação de grupos paramilitares de direita" a atitude de cerca de 500 estudantes que, anteontem, invadiram em Manaus a primeira reunião regional do ministério para
discutir a reforma universitária.
Houve tumulto e empurra-empurra, levando o MEC a adiar a
audiência por seis horas e mudar
o local do evento.
Tarso disse que enviará dois ofícios, sendo um ao Andes (sindicato dos professores de instituições
de ensino superior), porque docentes ligados à entidade teriam
participado do ato. O outro vai
para a Andifes (associação dos
reitores das federais), pois o reitor
da Ufam (Universidade Federal
do Amazonas), Hidemberque Ordozgoith da Frota, teria adotado
uma atitude "contemplativa, sem
colaborar de maneira adequada
na negociação com os alunos".
"Foi uma agressão semelhante a
grupos paramilitares na época do
regime militar, que invadiam reuniões e impediam que elas acontecessem. Um movimento com
atitude antidemocrática e de corte
fascista, agredindo verbalmente
lideranças democráticas", disse.
O reitor Frota negou que tenha
sido contemplativo com o protesto. "Colaborei inclusive para que
não houvesse um incidente entre
a polícia, que foi chamada [pela
organização], e os estudantes."
Tarso não participou da audiência porque esteve no velório do
ex-governador Leonel Brizola. Estavam no local secretários e representantes do MEC. Havia 261 inscritos para participar da audiência, entre eles 75 representantes
dos estudantes.
"Não estou fazendo declarações
contra o direito de manifestação,
que é normal. O que não podemos tolerar é o cerceamento do
debate", disse o ministro.
Para o reitor Frota, o protesto é
resultado da metodologia usada
pela assessoria do ministério, que
exigiu senhas para que as pessoas
participassem da reunião. "A audiência era pública, e a universidade tem um histórico democrático de as pessoas participarem
sempre de todos os debates."
Ele afirmou ainda que há dois
meses a Ufam organizou um debate com a participação de 600
pessoas em torno das discussões
sobre a reforma universitária, resultando em um documento encaminhado à Andifes.
Segundo o Diretório Central
dos Estudantes, que organizou o
protesto contra a reforma universitária, 500 senhas foram distribuídas para representantes das
universidades da região Norte.
A Ufam recebeu apenas 15 senhas, disse um dos integrantes do
DCE, Carlos Leal, deixando professores, alunos e técnicos da administração de fora das discussões. "Não agimos de forma violenta, foi um protesto para colocar a posição dos estudantes em
relação à reforma, e não estávamos armados. Paramilitar anda
armado, seu ministro."
A próxima audiência ocorrerá
em Porto Alegre, em 30 de julho.
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