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OPERAÇÃO PENSACOLA
Segundo investigações, a quadrilha, que agia em 6 Estados, vendia respostas de prova por R$ 15 mil
PF prende acusados de fraudar vestibular
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal desbaratou
uma quadrilha acusada de fraudar exames vestibulares em pelo
menos oito instituições públicas e
particulares de ensino superior
em seis Estados. O grupo, cuja
atuação vem desde 1988, vendia,
segundo a PF, o ingresso em universidades por R$ 15 mil.
No total foram presas 16 pessoas, numa operação chamada
Pensacola. Elas iriam atuar ainda
em uma nona instituição -a
Universidade São Francisco, em
Bragança Paulista (SP)- no último sábado, quando a PF prendeu
12 delas, inclusive alunos e pais.
Entre os presos estão Flávio Moreira Borges, vice-prefeito de
Caiapônia (GO). Ele acompanhava a filha Leidiane Gomes, também presa em flagrante. A Folha
ligou no início da noite de ontem
para a casa de Borges, mas a pessoa que atendeu disse não haver
ninguém para tratar do assunto.
O grupo pagava os "serviços" de
três pessoas, que, segundo a polícia, têm facilidade para resolver as
provas. Ao sair da sala, repassavam as respostas a um intermediário, que retransmitia os resultados a candidatos por meio de
um equipamento digital.
Até o início da noite de ontem,
continuava foragido Jorge Nascimento Dutra, apontado pela PF
como mentor do esquema. Acusado em 1988 de fazer parte de
uma quadrilha de fraudadores de
vestibular no Rio Grande do Sul e
no Paraná, Dutra tinha como
principal sócio Rosirley Lobo.
Lobo foi preso em São Paulo,
dentro de um carro no qual estava
instalado o equipamento usado
para retransmissão do gabarito.
Entre as pessoas contratadas
para resolver provas, segundo o
delegado Tarcísio de Abreu Júnior, que preside o inquérito, está
a romena Ioana Rusei Dutra, mulher de Jorge Nascimento. A Folha não conseguiu localizar ontem advogado que a represente.
Trata-se, segundo as investigações, de uma união apenas formal, para assegurar a permanência no Brasil de Ioana, aluna do
quinto ano de medicina da UnB
(Universidade de Brasília).
Em depoimento, Ioana disse ter
atuado em exames de pelo menos
oito escolas, entre elas a Universidade Federal do Acre (em 2002).
Denúncias anônimas sobre essa
prova levaram a PF a investigar o
caso. Dos 40 aprovados, há suspeitas de que pelo menos 21 tenham usado os conhecimentos de
Ioana. O Ministério Público Federal propôs ação para impedi-los
de continuarem o curso.
Outros casos
No Rio, a Unig (Universidade
Iguaçu) e a Universidade Gama
Filho, outras vítimas de fraude,
segundo a PF, disseram que tentativas acontecem mais nos cursos
de medicina, os mais disputados,
e que aumentaram a fiscalização.
O sub-reitor de graduação da
Gama Filho, Luciano Medeiros,
disse que a instituição ainda não
recebeu nenhum comunicado da
PF a respeito de fraudes.
Em Vitória (ES), uma quadrilha, da qual há suspeita de participação de Rusei, teria tentado fraudar prova da Emescam (Escola de
Medicina da Santa Casa de Misericórdia) em junho de 2003.
Na época, pais denunciaram
que uma empresa que dava suporte aos candidatos, como transporte, inscrição e hospedagem,
estava oferecendo também vagas.
A polícia de Vitória montou uma
operação, mas ninguém foi preso.
Segundo a professora Maria das
Graças Corrêa de Faria, responsável pelo exame, a coleta das impressões digitais feita após a denúncia permitiu que fosse identificada outra tentativa.
A diretora-técnica da Univale
(Faculdades Integradas do Vale
do Ivaí), de Ivaiporã (PR), Ione
Albuquerque Muchiuti, negou
que tenha havido tentativas de
fraude do vestibular.
A Folha não conseguiu contatar
a direção do Centro Universitário
de Volta Redonda (RJ) e a da Unipac em Barbacena (MG).
Colaboraram a Sucursal do Rio e a Agência Folha
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