ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Moradores de Goiandira (238 km de Goiânia e 4.967 habitantes, segundo o IBGE) estão numa campanha para tentar demover o padre Anselmo Silva, 34, responsável pela paróquia Nossa Senhora do Rosário, da idéia de vender uma imagem sacra de 137 anos.
A estátua do Menino Jesus de Praga pertence ao padre, e as dívidas que sua venda saldaria são da paróquia, mas a imagem é, para muitos fiéis, milagrosa.
No domingo, cerca de mil pessoas, inclusive de outras cidades, se reuniram em frente à paróquia para pedir que a estátua fosse mantida no local. A seus pés, a população deposita ex-votos (réplicas) em barro e fotos simbolizando graças atendidas.
Mas o Menino Jesus de Praga do padre Anselmo Silva também tem valor financeiro. A estátua foi avaliada por colecionadores em R$ 28 mil, quantia suficiente para quitar os débitos e promover reparos na estrutura da igreja, que tem 73 anos e é tombada pelo patrimônio histórico municipal.
Segundo ele, a dívida foi acumulada nos últimos dez anos. "São R$ 12.095 em cheques sem fundo. Recebemos avisos de corte de água e de luz. Chegamos a gastar R$ 800 com telefone e fax para pedir ajuda financeira a autoridades e empresas, mas não obtivemos resposta."
Os gastos para manter a paróquia giram em torno de R$ 300 mensais e o valor arrecadado em doações não costuma passar de R$ 50, segundo o sacerdote. A última edição da tradicional festa do Rosário rendeu apenas R$ 210.
Contra a venda, Goiandira coleciona casos de pessoas gratas ao Menino Jesus de Praga.
"Minha avó foi curada de uma depressão muito forte depois que a estátua foi colocada na igreja. Nós nos apegamos muito a ela", diz a estudante Franciane Tristão Aguiar, 16. "Sou atendido sempre que faço um pedido ao Menino Jesus de Praga. Há muitos casos de cura", afirmou o aposentado Sebastião Dias Jardim, 91.


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