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1,6 milhão perde 15 dias do ano só para ir ao trabalho
21% dos moradores da Grande SP gastam pelo menos 1 h no caminho para o emprego
Na seqüência da lista vêm as regiões metropolitanas do Rio (18%), Belo Horizonte (14%), Fortaleza (11%) e Recife (10%), indica o IBGE
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A supervisora administrativa
Regiane Coelho, de 28 anos, já
fez as contas e concluiu que, somente no caminho para o trabalho, gasta mais dias de sua vida presa no trânsito do que com
as próprias férias.
Ela anda de carro e, nos últimos nove meses, não conta
nem com rádio para se distrair
no trajeto de mais de uma hora
e meia entre os municípios de
São Caetano do Sul, no ABC
paulista, e Cotia, na Grande São
Paulo. "Ainda não sobrou tempo para mandar instalar."
A doméstica Teresinha de
Jesus Barros Costa, 42, poderia
praticamente dobrar suas horas de sono se não demorasse
tanto para chegar ao serviço.
Além de não ter música à disposição, a situação dela é pior:
só viaja em pé -caminhando
ou apertada dentro do trem-
nas mais de duas horas e meia
para ir do município de Suzano,
onde mora, até a casa da patroa,
na Vila Mariana, na zona sul da
capital paulista. "Eu já chego
para trabalhar cansada", conta.
A rotina de Regiane ou de Teresinha não reflete casos tão
isolados, entre ricos ou pobres.
Elas fazem parte de um grupo
de 1,6 milhão de trabalhadores
da região metropolitana de São
Paulo que perdem, no mínimo,
uma hora por dia no percurso
de ida da residência ao serviço.
Essa quantidade é superior à
soma das populações inteiras
de Campinas, no interior paulista, e de Santos, no litoral sul.
Se trabalharem 24 dias em
um mês, significa que eles perderão, pelo menos, um dia por
mês para chegar ao trabalho.
Ou ainda, os números mostram
que o trânsito consome no mínimo 15 dias para cada 360 trabalhados por 1,6 milhão de moradores da região metropolitana de São Paulo.
Isso sem contar com a volta
para casa, que tende a ser um
sofrimento semelhante, e com
outros tipos de deslocamento
inevitáveis na vida de qualquer
cidadão -por exemplo, ao supermercado, à padaria, ao médico ou à faculdade.
Liderança de SP
Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios do IBGE de 2004 e
foram tabulados pela Folha,
que comparou essa situação
em dez das principais regiões
metropolitanas brasileiras.
São Paulo teve a maior proporção de trabalhadores que
perdem mais de uma hora para
chegar ao trabalho: 21% deles
enfrentam essa condição. Em
seguida apareceram as regiões
metropolitanas do Rio (18%),
Belo Horizonte (14%), Fortaleza (11%) e Recife (10%).
Se for levado em conta o número daqueles que gastam
mais de meia hora somente na
ida para o emprego -e certamente algo semelhante na volta para casa-, a proporção de
trabalhadores da Grande São
Paulo atinge 52%. São 3,9 milhões de pessoas.
"Perder mais de uma hora do
dia desse jeito já impacta a qualidade de vida do cidadão", avalia o professor da USP (Universidade de São Paulo) Jaime
Waisman, que também é especialista na área de transporte.
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